Ato reuniu cerca de 700 pessoas e teve até `enterro` do ministro
Walter Campanato / Ag. Brasil

Nesta quarta, dia 23 de novembro, cerca de 700 professores e estudantes universitários protestaram em Brasília, em frente ao MEC, como parte de uma semana de atividades da greve nacional das universidades federais. Os manifestantes, convocados também pela Coordenação de Luta dos Estudantes (Conlute), reivindicaram a reabertura das negociações entre os grevistas e o MEC, que foram encerradas unilateralmente pelo ministério na semana anterior.

No dia 16, o ministro da Educação, Fernando Haddad, rompeu as negociações e anunciou que enviaria um projeto ao Congresso com a última proposta do governo rejeitada pelo comando de greve, de 9,45% de reajuste. O governo justificou essa medida, dizendo que a proposta já tinha sido aceita pelo Proifes (Fórum de Professores das Instituições de Ensino Superior), uma minúscula entidade formada pelo próprio governo e pela CUT para dividir a categoria e rachar a base do Andes. Essa entidade sequer faz parte do comando nacional de greve da categoria.

O governo também ameaçou enviar ao Congresso uma proposta para ‘regulamentar´ a greve nas universidades públicas, atacando o direito de greve. A medida tem amplo apoio da imprensa e explora o argumento de que a greve prejudica os estudantes. Esse discurso, que é a base dos setores anti-greve dentro das universidades, foi repetido até mesmo pelo presidente da União Nacional dos Estudantes, Gustavo Petta, em declarações ao jornal O Globo.

Com o protesto no MEC, o governo voltou atrás e anunciou, ainda no dia 23, a reabertura das negociações com o comando. Entretanto, o ministério ainda mantém sua proposta. Os grevistas reivindicam reajuste linear imediato de 18%, referente às perdas do governo Lula, com uma política de reposição das perdas acumuladas pela categoria desde 1995. Além disso, reivindicam também a paridade entre ativos, aposentados e pensionistas, a isonomia entre docentes dos 1º, 2º e 3º graus, o fim das remunerações por critérios produtivistas e a realização de concursos públicos, entre outros pontos. A luta contra a reforma Universitária também é um dos eixos da greve, que já dura mais de dois meses.

A retomada das negociações foi considerada um grande avanço pelas principais entidades do movimento, como o Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), a Fasubra (Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Federais Brasileiras) e o Sinasefe (Sindicato dos Servidores da Educação Básica e Profissional). Mas as lutas e as negociações devem prosseguir, até que se avance no atendimento às reivindicações da categoria.