Foto: Erick Dau

Nesta quinta, 6 de fevereiro, realizou-se mais um ato contra o aumento das passagens no Rio de Janeiro. O reajuste, de R$2,75 para R$3,00, foi autorizado pelo prefeito Eduardo Paes apesar de posição contrária do Tribunal de Contas do Município, fato que só veio a público após o anúncio do aumento e esteve cercado de uma guerra pela imprensa. Paes, por outro lado, lançou mão de uma medida paliativa ao acenar com a extensão do passe-livre a estudantes universitários beneficiários de programas sociais como as cotas e o PROUNI. Nós, do PSTU, achamos que o passe-livre deve ser irrestrito, não apenas a todos os universitários, mas também a todos os estudantes da educação básica e sem limitação no número de viagens, como ocorre hoje em dia.
 
Cerca de 4500 pessoas participaram da manifestação, iniciada na Candelária e que prosseguiu ocupando duas das pistas da Avenida Presidente Vargas. O destino, desta vez, era a Central do Brasil, que em outro ato já tinha sido cenário de um “roletaço”, com o acesso aos trens sendo liberado pela ação dos ativistas. Participaram do ato, em sua maioria, jovens, mas também trabalhadores de diversas categorias e movimentos sociais. A presença de partidos e movimentos de esquerda, assim como do Fórum de lutas do RJ, com uma grande faixa, deu a tônica do ato.
 
 
Ao chegar à estação Central do Brasil, um forte aparato repressivo já aguardava os manifestantes. No entanto, a PM não pôde impedir, num primeiro momento, a entrada dos ativistas. Isso garantiu, mais uma vez, o “roletaço”, com muitos subindo nas catracas e permitindo o acesso dos passageiros aos trens sem pagar passagem. Contudo, passado algum tempo, a tropa de choque iniciou a repressão, com o uso de cassetetes e bombas, tanto de efeito moral quanto de gás lacrimogêneo.
 
Aos poucos, os manifestantes foram sendo retirados da estação, que foi fechada pelos seguranças da Supervia com a ajuda da tropa de choque da PM. Foi a partir daí que a repressão policial se intensificou, com mais bombas sendo lançadas para tentar dispersar os grupos próximo aos acessos da Central. Foi neste momento que uma das bombas atingiu a cabeça de um cinegrafista da TV Band, levando-o ao hospital com afundamento de crânio e em estado grave. 
 
Para nós do PSTU, o fato de haver um conflito nas ruas do centro da cidade, em plena tarde de uma quinta-feira, é de exclusiva responsabilidade do governo e suas polícias. A permanente repressão policial é que tem causado os feridos graves durante os protestos. 
 
A repressão continuou noite adentro, mas uma boa parte dos manifestantes acabou por recuar para perto do Campo de Santana em busca de abrigo, retornando pela Presidente Vargas. Há o relato de pelo menos dois feridos graves, o cinegrafista da televisão e um idoso que teria sido atropelado por um ônibus, além de vários detidos pela PM.
 
Fica claro aqui duas coisas: o transporte público que deveria ser encarado como um direito da população é visto como uma mercadoria; e a propriedade das empresas de transporte é defendida com todas as armas pelos governos mesmo que, para isso, a população seja tratada como inimiga, na mais velha tradição da Ditadura Militar. Portanto, duas medidas são absolutamente necessárias: a estatização dos transportes, sob controle dos trabalhadores, de forma a garantir a Tarifa Zero sem subsídios aos donos das empresas, aliados de primeira hora dos governos; e a imediata desmilitarização da polícia, autêntica herdeira do regime militar de 1964. Contudo, como os governos Paes e Cabral, do PMDB, são aliados do PT de Lula e Dilma, o governo federal nada fará no sentido de garantir nem sequer a discussão dessas propostas.
 
O PSTU Rio se solidariza com as famílias dos feridos com gravidade, assim como com os demais agredidos e detidos pela selvagem repressão da PM do ditador Cabral. Mesmo de saída, ele não deixa de lançar suas bombas contra a luta dos trabalhadores e da juventude. Porém, isso não vai nos intimidar. E, como já ficou consagrado desde o ano passado, nas Jornadas de Junho,”amanhã vai ser maior!”