Depois de muita mobilização e negociações, a GM suspendeu temporariamente seus planos de demissão imediata de 1.840 trabalhadores.

A negociação, realizada no dia 4 de agosto, entre empresa e Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, durou cerca de nove horas e terminou com uma proposta de acordo que será submetido à votação dos trabalhadores em assembleia realizada no dia 7, terça-feira, após o fechamento desta edição.
A proposta apresentada mantém a produção do Classic na planta de São José dos Campos, sendo produzido a um ritmo de 20 veículos por hora, o que garante o emprego de 900 trabalhadores até novembro.

Os demais 940 trabalhadores vão entrar em layoff (suspensão dos contratos de trabalho) logo após 15 dias de férias coletivas contadas a partir da data da assembleia. A medida permanece até 30 de novembro, período durante o qual os trabalhadores continuam recebendo seus salários e terão de passar por cursos de qualificação.

Durante o período de vigência do layoff serão abertos PDVs (Plano de Demissão Voluntária) para toda fábrica. E, por fim, nos próximos 60 dias, GM e Sindicato discutirão as perspectivas para o MVA (Montagem de Veículos Automotores) e para os trabalhadores em layoff.

Seguir com a mobilização na fábrica e fortalecer a campanha nacional
As demissões eram iminentes. Basta ver que no meio da semana passada uma parte das máquinas já começaram a ser desativadas e embaladas. O governo Dilma poderia garantir de forma efetiva a estabilidade no emprego, através da pressão que pode fazer contra a multinacional, mas até agora não foi além das declarações e da participação das reuniões. Já o Ministro Mantega chegou dar declarações legitimando as demissões.

Neste sentido, a suspensão temporária das demissões significa uma pequena vitória parcial dos trabalhadores, permitindo um fôlego na luta pela manutenção dos postos de trabalho em uma relação de forças desfavorável.

Suspensas as demissões, abre-se um novo capítulo na luta dos trabalhadores em defesa dos empregos e direitos. O Sindicato vai defender um programa que garanta a manutenção dos postos de trabalho e dos direitos, discutindo novos investimentos para a planta de São José.

Até lá as perspectivas estão abertas e o Sindicato vai manter os trabalhadores mobilizados para garantirem seus empregos. Como sustentou o presidente do Sindicato, Antonio Ferreira de Barros, o Macapá, “nós continuamos com nossa posição de que não há justificativas para as demissões e vamos trabalhar para que cada posto de trabalho seja mantido na fábrica. Continuaremos exigindo do governo medidas que cancelem definitivamente as demissões”.

O Sindicato vai também fortalecer a campanha nacional contra o plano de demissões da empresa.

Trabalhadores da GM ocupam Dutra dias antes de negociação
No dia 2, os trabalhadores da GM e o sindicato ocuparam por mais de uma hora a Rodovia Presidente Dutra, como forma de protesto contra as demissões que a empresa estava na iminência de realizar.

Após a ocupação da Dutra nos dois sentidos (Rio-São Paulo/São Paulo-Rio), os trabalhadores votaram em assembleia a paralisação total da produção e só retornaram ao trabalho na sexta, dia 3. O sindicato exigiu e a empresa concedeu licença remunerada neste dia à todos os trabalhadores da planta.

A manifestação tinha como principal reivindicação protestar contra o início da desativação de alguns setores da fábrica e exigir que a presidente Dilma mantivesse sua palavra de se opor às demissões em função das concessões de isenção do IPI à empresa, tal como havia declarado na abertura dos Jogos Olímpicos de Londres.

A cobrança de uma posição firme do governo foi necessária porque logo em seguida à declaração da presidenta, o Ministro do Planejamento Guido Mantega deu declaração em sentido contrário, legitimando as demissões com o pretexto de que a GM estaria compensando às demissões com contratações em outras plantas. O argumento do ministro foi refutado pelo sindicato com dados fornecidos pelo próprio governo, por meio do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), comprovando que o saldo dos empregos na GM, desde a vigência do Plano Brasil Maior, é claramente negativo.
No dia seguinte, fruto da mobilização, o ministro recuou dizendo que não iria “tolerar demissões” nos setores beneficiados pelo governo.

O sindicato enviou ainda no mesmo dia uma carta à presidente Dilma sobre as declarações do ministro e terminou o dia em reunião com o governador Geraldo Alckmin que, ao contrário de seu correligionário Eduardo Cury, prefeito de São José, pronunciou-se contra as demissões na GM.
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