Apresentamos neste texto algumas idéias para avançarmos na discussão e concretização de uma Frente de Esquerda, Classista e Socialista para as eleições de 2006.

A imposição do calendário eleitoral como saída negociada para a crise do ano passado está se materializando em uma falsa polarização PT x PSDB-PFL, dois blocos burgueses que na verdade defendem a mesma política econômica neoliberal, a mesma corrupção. Isso obriga os socialistas a buscarem a composição de uma alternativa dos trabalhadores, distinta dos dois blocos burgueses dominantes.

Esta Frente de esquerda também precisa se diferenciar de todas as falsas “alternativas de oposição” como o PDT. Este partido, mesmo na oposição ao governo, também representa setores da burguesia. Tanto no sul como no norte-nordeste, estão integrados no PDT grupos de latifundiários, perseguidores dos Sem-Terras. O PDT participa, em várias cidades importantes do país, de governos do PSDB, como em São Paulo. E está na direção da Força Sindical, tão ou mais pelega que a CUT.

Uma frente de esquerda real é uma frente de trabalhadores e não uma frente com a burguesia. O caminho das frentes eleitorais com partidos burgueses foi uma parte fundamental da trajetória lamentável do PT. Por isto reafirmamos a necessidade de uma Frente de Esquerda, Classista e Socialista, que inclua o PSTU, o P-SOL, o PCB e outras forças de esquerda, assim como fazemos um chamado para que o MST e outros movimentos sociais rompam com o governo e adiram a esta frente.

Esta Frente, a nosso ver, não é necessária apenas para as eleições. Consideramos muito importante que se efetive na luta direta dos trabalhadores, em dois sentidos principais. O primeiro é o do apoio às lutas, tanto as mobilizações salariais, como as lutas estudantis e populares, as ocupações de terras. O segundo é o apoio à formação de uma alternativa à CUT, a CONLUTAS. É necessário construir uma nova direção para s lutas diretas dos trabalhadores, perante a transformação da CUT em um braço do governo no movimento de massas.

A concretização da Frente em termos eleitorais, a nosso ver, deve estar apoiada em três elementos: o programa, a independência dos partidos burgueses e o respeito entre os partidos que a compõem.

a) Programa
– Por uma alternativa dos trabalhadores, contra os dois blocos burgueses dominantes (governo e oposição PSDB-PFL) Nem Lula, nem Serra!
– Oposição clara ao governo
– Contra a democracia dos ricos!
– Não pagamento da dívida externa e interna às grandes empresas!
– Pela retirada imediata das tropas brasileiras do Haiti!
– Abaixo as reformas neoliberais! Revogação da reforma da previdência! Não à reforma sindical e trabalhista! Abaixo a reforma universitária!
– Prisão e confisco bens de todos corruptos e corruptores!
– Reforma agrária ampla e radical sob controle dos sem terras!
– Todo apoio às lutas dos trabalhadores! Todo apoio às greves! Solidariedade às ocupações dos Sem-Terras!
– Todo apoio às lutas dos trabalhadores de todo o mundo! Pela retirada das tropas imperialistas do Iraque! Todo apoio à resistência iraquiana!

b) Independência política e organizativa da burguesia e seus partidos
Nenhuma aliança com partidos burgueses de “oposição” como o PDT. Nenhum financiamento da burguesia.

c) Respeito às forças que compõem a frente por seu peso social
É necessário que se respeite a força real dos distintos partidos e organizações que compõem ou podem compor esta frente, de acordo ao seu peso social. Não nos guiamos, em uma frente de esquerda, unicamente pelo peso eleitoral, mas pela implantação nos movimentos sociais, nos sindicatos e oposições sindicais, entidades estudantis e populares.

Partimos do pressuposto de que é natural que a candidatura à presidência da república seja da companheira Heloísa Helena, do P-SOL. No entanto, no marco de uma frente constituída pelo P-SOL, PSTU e PCB, reivindicamos para o PSTU o direito de indicação da vice-presidência, uma parte do tempo de TV nacional. Em nossa opinião devem ser realizadas também discussões acerca dessa composição em cada um dos estados em torno às candidaturas majoritárias e proporcionais, sempre levando em conta o mesmo critério do peso social dos componentes da Frente.

Consideramos muito importante a concretização desta frente por um acordo entre o P-SOL e o PSTU, assim como do PCB e as outras organizações de esquerda dos trabalhadores que se dispuserem. É muito importante também que se envolvam setores independentes e os ativistas que se queiram somar. Para isso defendemos a realização de um Encontro Nacional aberto desta frente com vistas a unificar todos estes setores, podendo ser útil inclusive para dirimir possíveis diferenças que porventura venham ocorrer no marco da Frente.

Por fim, propomos também que a presente reunião acorde um calendário de reuniões para que possamos levar à frente todas as tratativas referentes à constituição da Frente de Esquerda, Classista e Socialista.
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