MANAUS – De olho grudado no primeiro dia de programa eleitoral gratuito no rádio e na televisão, de candidatos a Governo do Estado, o sociólogo Carlos Santiago avaliou um a um os candidatos e tirou algumas conclusões acerca da forma como os programas foram levados ao eleitor-expectador. Para ele, o candidato mais autêntico da programação foi Herbert Amazonas (PSTU).

`Porque além de ter sido um programa sem efeitos especiais, pobre tecnicamente, teve o mérito de dizer o que ele e o partido dele realmente pensam. O candidato defende certas idéias mesmo sabendo que elas não empolgarão o grande eleitorado. Politicamente se afigurou o mais correto. Do ponto de vista do marketing eleitoral, fraco`, justificou Santiago.

Ele também identificou nos programas dos candidatos Serafim Corrêa (PSB) e Eduardo Braga (PPS) dois estilos que emanam do núcleo dos grupos que lhes dão sustentação. `O Eduardo Braga, mesmo não querendo, abandonou as cenas duras da pobreza e da miséria, que ele mostrou em eleições passadas. Optou por um avante Amazonas, do Estado grandioso e belo que pode ser melhor ainda. O problema é o eleitor-expectador, que vê artificialismos demais neste estilo de fazer propaganda eleitoral e de vir a ser identificado como o jovem Amazonino Mendes`, disse.

Para Santiago, Serafim também se deslocou um pouco daquilo que ele sempre pregou nas eleições passadas. O estilo adotado no seu primeiro programa lembrou o estilo usado pelo prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento (PL), sobretudo nas eleições de 2000. O que pode produzir algum efeito positivo, na medida em que Serafim teve uma identificação maior com a classe médio e mais comedida com as classes mais populares.

O sociólogo viu na propaganda do candidato petista, João Pedro, um certo saudosismo, uma tentativa de mostrar o candidato como se ainda se tratasse da mesma pessoa vibrante dos tempos de militância no movimento estudantil. `Ademais, está clara a intenção de associá-lo à figura do Lula, buscando aí uma mola propulsora de votos. Não sei se vai funcionar. em 1994 isso já foi tentado pelo ex-vereador Aluísio Nogueira e não deu certo`.

Na avaliação de Carlos Santiago, o candidato peemedebista, Gilberto Mestrinho, tem se colocado talvez um pouco deslocado daquilo que ele sempre pregou, como um político mais popular, mais interiorano. `Acho que isso tem a ver com a necessidade de superar a resistência do eleitorado jovem, que tem dificultado o seu crescimento. Daí porque o seu marketing tem se voltado para esse segmento, com ele aparecendo como grande pai, conselheiro, numa atitude que também pode ser entendida como populista moderna`, arrematou Santiago.

Matéria publicada no jornal A Crítica, no dia 23/08/2002