Vaias e palavras de ordem fazem com que ministro da Educação abandone congresso da CNTEUm protesto de militantes da Conlutas e da Intersindical conseguiu impedir o pronunciamento do ministro da Educação, Fernando Haddad, no 30º Congresso Nacional da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), em Brasília.

O ministro havia sido convidado para a abertura do evento, que começou na quinta-feira, mas não compareceu. Na tarde deste sábado, dia 19, o ministro foi ao local, convidado por dirigentes da CNTE, da corrente petista Articulação. Ao perceberem a presença de Haddad, a reação foi imediata. Vaias e palavras de ordem se opuseram aos aplausos dos governistas e evitaram que o ponto de resoluções fosse interrompido para a fala do ministro.

“Eu sou de luta, sou radical, não sou capacho do governo federal”, foi a principal palavra de ordem cantada, assim que a presença do ministro foi percebida. Cerca de 400 pessoas participaram do protesto, entre as 1.800 que participam do congresso. Logo depois, os manifestantes passaram a exigir a retirada do ministro.”Um congresso de trabalhadores tem coisas a tratar que o patrão não pode saber”, afirmou José Geraldo Júnior, o Gegê, dirigente da Oposição na Apeoesp (SP) e militante do PSTU, em entrevista à Agência Brasil.

Segundo ele, não houve agressões físicas ao ministro ou a qualquer outra pessoa. “Foi um protesto legítimo. Foi aprovado um regimento neste congresso de que não entraria ninguém que não fosse delegado. Estávamos no meio do ponto de resoluções sobre a situação nacional e o governo Lula”, afirmou. Diante da polêmica e das vaias, o ministro abandonou o local.

O debate sobre a relação da entidade com os governos, principalmente o governo Lula, tem marcado o congresso da CNTE, que ocorre desde a quinta-feira. Os sindicalistas da Conlutas apresentaram uma resolução pela independência da entidade, “contra o governo Lula e suas reformas neoliberais”. A resolução acabou sendo derrotada. Para Gegê, ao convidar o ministro para participar de debates no evento, a direção da CNTE mostrou “não ter compromisso com os profissionais da educação, mas sim com o governo Lula”.

O congresso da CNTE termina neste domingo e a oposição irá lançar uma chapa para a direção da entidade. Também neste domingo, os representantes discutem, entre outros temas, a proposta de desfiliar a CNTE da CUT governista.

* Com informações da Agência Brasil e de sindicalistas da Conlutas