Professores marcham na capital gaúcha
Nanda Isele

Movimento é marcado por uma histórica caminhada de revoltaCerca de dez mil professores e funcionários de escolas do Rio Grande do Sul se reuniram em assembléia na tarde do dia 14 de novembro, no ginásio Gigantinho, em Porto Alegre, capital gaúcha. Os trabalhadores aprovaram por grande maioria a deflagração imediata da greve da categoria pela retirada do Projeto de Lei do Piso Salarial do governo de Yeda Crusius (PSDB) e em defesa de direitos, especialmente dos Planos de Carreira do Magistério e dos Funcionários de Escola, que sofrem duros ataques no projeto do governo estadual.

Na assembléia, quem fez a defesa da aprovação da greve foi Salete, representante da Conlutas. Ela argumentou que “para defender nosso plano de carreira, temos de sair daqui dizendo não!, não!, não! aos ataques à educação pública promovidos por este governo que não respeita os trabalhadores. Portanto, é greve e é agora”

Depois de aprovada a greve, a multidão de trabalhadores saiu em caminhada em direção ao Palácio Piratini, sede do governo do Estado. Nem o sol forte, nem a longa distância desanimaram a grande massa colorida, de muitas bandeiras, que tomou conta da Borges de Medeiros, uma das principais avenidas da cidade.

Os helicópteros da Brigada Militar que sobrevoavam baixo, trouxeram à tona a lembrança recente da truculenta e covarde repressão capitaneada pelo Coronel Mendes ao último grande ato público ocorrido em Porto Alegre, a Marcha dos Sem em 17 de outubro. Nem isso, porém, desmobilizou a categoria convicta de que só a luta garante a defesa de seus direitos.

Os helicópteros devem ter levado ao comando da brigada e ao governo do estado a informação do tamanho da mobilização desses bravos trabalhadores, porque o que se viu na chegada à Praça da Matriz foi um recuo do modelo de Mendes e um retorno à democracia: o povo tomou a praça e realizou seu justo e necessário ato.

Marcando a unidade entre as diversas entidades que participaram da organização da mobilização, representantes da Conlutas, Intersindical, CUT, CTB e da Coordenação dos Movimentos Sociais subiram ao carro de som para saudar o grande ato. “O dia 14 de novembro de 2008 vai ficar na História”, bradou o representante da CUT. A Intersindical parabenizou a categoria: “é de arrepiar o tamanho dessa mobilização”. A CTB e a CMS também saudaram o ato.

A Conlutas, que participou da construção da assembléia e da importante decisão tomada hoje pelos milhares de professores, registrou a importância da mobilização: “estamos marcando aqui o início de um grande movimento de resposta ao governo Yeda, um movimento que vai derrotar esse projeto de destruição dos serviços públicos”.

Também alguns representantes de partidos políticos manifestaram sua solidariedade à mobilização dos trabalhadores e funcionários de escolas. Estiveram presentes Vera Guasso, do PSTU, o senador Cristóvão Buarque, do PDT, Luciana Genro, do PSOL, Raul Pont, do PT, e dirigentes do PCB e do PCdoB.

Vera Guasso lembrou os 160 bilhões de reais recém entregues pelo governo Lula aos banqueiros e grandes empresários, cobrando o uso do dinheiro no salário dos trabalhadores, em saúde e em educação, e frisou: “essa é uma luta contra o capital, e é uma luta de todos os dias. Chega dos trabalhadores pagarem a conta. Pague a Yeda! Paguem os banqueiros e os grandes empresários!”

Entre outras medidas aprovadas na assembléia de hoje, estão a pressão sobre a Assembléia Legislativa para a derrubada do projeto do governo estadual e a busca por solidariedade à greve.