Os professores da rede estadual paulista aprovaram greve por tempo indeterminado na tarde do dia 13. A categoria aprovou greve durante assembléia que reuniu milhares de pessoas na Praça da República, na capital. A PM calcula que estiveram presentes 5 mil professores. Já o sindicato, a Apeoesp, calcula 20 mil. A greve ocorre uma semana depois das eleições da Apeoesp, que marcaram um grande avanço da oposição. A principal reivindicação da categoria é a revogação do decreto 5307/08, imposto pelo governador tucano José Serra no final de maio.

O decreto atinge principalmente os professores temporários, os ACTs (Admitidos em Caráter Temporário), ao estabelecer uma avaliação de desempenho. Na prática, ele demite milhares de temporários que só voltarão a trabalhar quando fizerem uma prova. O decreto ainda dificulta a realização de concursos e impede a utilização do artigo 22, que permite aos professores transferirem-se a uma escola perto de sua casa. O decreto também impõe atribuição de aulas compulsoriamente.

Assembléia massiva
Os recentes ataques do governo Serra provocaram a indignação dos professores. A assembléia que aprovou a greve expressou revolta da categoria. A Praça da República, que fica em frente à Secretaria Estadual de Educação, foi tomada por professores de todo o estado. A greve foi praticamente da vontade de todos. Apenas um professor defendeu a mobilização sem greve, mas foi vaiado pelos trabalhadores da educação, que gritavam “greve, greve, greve!”.

“A única alternativa para os professores é a greve já”, afirmou José Geraldo Correa, o Geraldinho, diretor da Apeoesp pela oposição. “O decreto expressa por um lado uma tentativa de privatização e, por outro, o autoritarismo desse governo”, disse.

Ele ainda denunciou a campanha de mídia que o governo e a imprensa promovem contra os professores e a educação pública. Defendeu uma campanha do sindicato a favor da categoria e da greve. “Temos de pôr na rua uma imensa campanha, com camisetas, adesivos, outdoors, propaganda na rádio e na TV, dizendo de forma bem clara: ‘Não ao decreto! Fora Maria Helena’”, defendeu Geraldinho. Maria Helena é a atual secretária de Educação, cuja gestão tem sido marcada pelo autoritarismo.

Após a assembléia, os professores caminharam em passeata até o Masp, na Avenida Paulista, praticamente parando o centro de São Paulo. No Masp acontece a próxima assembléia unificada, no dia 20, às 14h. Até lá, os professores garantem a greve nas cidades e realizam assembléias regionais.

Ataques
Além dos baixos salários e das salas superlotadas, os professores sofrem todo tipo de ataque do governo Serra. Além do decreto, o governador limitou as faltas médicas dos professores a apenas seis por ano. Isso se torna ainda mais dramático quando se sabe que a categoria é uma das que mais sofrem com doenças do trabalho, principalmente as relacionadas com o estresse.

“Também fazem parte da pauta de reivindicação a luta contra a lei complementar que limita as faltas médicas, o limite de 35 alunos por sala de aula e o piso salarial do Dieese”, explicou Geraldinho.
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