Pesquisa divulgada pelo IBGE nesse último dia 3 revela que, ao contrário do discurso oficial do governo, a crise está longe de terminar. A Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física aponta uma queda acumulada de 13,4% no semestre em relação ao mesmo período do ano anterior. É a maior queda desde que o Instituto realiza esse levantamento, iniciado em 1975.

A tão propalada recuperação do setor não passou de uma alta de apenas 0,2% em junho em relação a maio. No segundo trimestre de 2009, o setor cresceu 3,4% em relação ao primeiro. Desde quando a crise chegou pra valer no Brasil, em setembro de 2008, porém, a produção na indústria caiu 20%. Em comparação a junho de 2008, o mês este ano teve queda de 10,9%.

Junho apresenta ainda queda de 18,9% no setor de veículos automotores, em relação ao mesmo período de 2008. O setor foi um dos principais beneficiados pela redução do IPI pelo governo Lula. Já máquinas e equipamentos sofreram recuo de 27,4%, metalurgia, 22,8% e material eletrônico e equipamentos de comunicação, 34,5%.

A queda no semestre, porém, foi ainda mais dramática. Nada menos que 24 dos 27 ramos pesquisados pelo IBGE apresentaram queda. A produção de veículos recuou 23,6%. O setor de máquinas e equipamentos, um dos principais indicativos da evolução na economia em determinado período por apontar a tendência do investimento produtivo, teve queda de quase 30%.

Em 2008, os investimentos em máquinas no primeiro semestre cresceram 25,5%. No mesmo período deste ano, o setor caiu 19,4% em relação ao semestre anterior, segundo a Abimaq (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos), apesar de o setor ser beneficiado por subsídios do BNDES.

Isenção não garante crescimento
Os resultados da indústria divulgados pelo IBGE mostram que a política de renúncia fiscal e subsídios de Lula ao setor não são capazes de reverter a crise. Mesmo com a redução do IPI para automóveis, produtos de linha branca e materiais de construção, o setor ainda não se recuperou.

Segundo a própria Receita Federal, a política de renúncia fiscal deve custar mais de R$ 12 bilhões aos cofres públicos. É quase o total do montante destinado ao Bolsa Família durante um ano. O bolsa-empresário do governo Lula, porém, se não serve para retomar a produção industrial e os empregos, serve para proteger os lucros dos empresários.

  • Leia a pesquisa do IBGE