Os sinais de que o país já está em recessão se avolumam cada vez mais. Desta vez, o anúncio do resultado da produção industrial em dezembro surpreendeu os mais pessimistas. A produção de 70% dos 755 produtos pesquisados pelo IBGE teve uma drástica diminuição, forçando uma redução de 12,4% na produção total, em relação a novembro. Comparado com dezembro de 2007, a queda foi de 14,5%.

A queda registrada em dezembro foi a maior desde 1991, ano em que o IBGE registra esse dado. De janeiro a dezembro, a queda acumulada foi de 19,8%. Com isso, a produção industrial volta ao mesmo nível de março de 2004. O principal setor atingido pela crise foi o automobilístico, com queda de impressionantes 39,7%. A produção de máquinas e equipamentos diminuiu 19,2%. Já o setor de metalurgia contou com baixa de 18,3%. Demais commodities, seu seja, produtos primários de exportação, também tiveram uma sensível queda.

Com o resultado de dezembro, o país fecha 2008 com um crescimento na produção de 3,1%, metade do registrado no ano anterior, de 6%. O levantamento mostra que o Brasil sentiu forte o baque da chegada da crise econômica no país. O mês de setembro marcou a virada abrupta, de crescimento da economia para a estagnação e retração. Analistas prevêem que o país feche o último trimestre do ano com uma redução de 1,5% a 2% na economia.

Marketing governista
Tão logo foi divulgada a queda histórica na produção, o governo anunciou, nesse dia 3 de janeiro, bilhões de investimentos no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Apresentado pela presidenciável Dilma Roussef, o plano prevê mais R$ 130 bilhões em investimentos. Mais do que um plano concreto para combater a crise via investimentos públicos, o anúncio tenta segurar o alto nível de popularidade do governo Lula numa conjuntura em que a crise começa a fazer estragos. Ao mesmo tempo, tenta também cacifar Dilma para a disputa em 2010.

Prova de que o anúncio não é mais do que peça de marketing é o fato de que apenas 15% da meta total do PAC ter sido investido até agora. Nos dois primeiros anos do PAC, só R$ 17 bilhões vieram do Orçamento Federal.

Enquanto isso, as demissões continuam, assim como a pressão para acordos que reduzem salários e direitos dos trabalhadores. A GM acaba de anunciar, pela sétima vez, novas férias coletivas na unidade de São José dos Campos (SP).