Manifestação em Nova York reuniu centenas de milhares de pessoas contra a guerraAs coisas para Bush não se complicaram apenas no Iraque, mas também dentro dos EUA. Depois de ter obtido um importante respaldo inicial à invasão, hoje menos da metade da população americana apóia a política de Bush e 54% acha que “a guerra no Iraque não vale a pena”, segundo pesquisa Gallup. Algo que se refletiu na recente manifestação em Nova York, que reuniu entre 250.000 e 400.000 pessoas. Apesar de ter sido impulsionada também pelos democratas com fins eleitorais, foi muito mais uma marcha anti-Bush e anti-guerra do que de apoio a Kerry. A marcha foi muito combativa (centenas de pessoas foram detidas) e muitos manifestantes marcharam com cartazes dizendo: “Apóie nossas tropas! Traga-as de volta para casa!”

Como outra expressão dessa oposição, formou-se o grupo IVAW (Iraq Veterans Against the War – Veteranos do Iraque contra a Guerra), que se soma às organizações já existentes de ex-combatentes e familiares de soldados que se opõem à invasão. O grupo, formado por veteranos do Iraque e do Afeganistão e por soldados em atividade, disse que “se compromete a salvar vidas e terminar com a violência no Iraque lutando por uma retirada imediata de todas as tropas de ocupação”.

Pela combinação de elementos (graves problemas militares em um país invadido, repúdio internacional, oposição dentro dos EUA, com uma crescente polarização do povo americano contra a política de Bush no Iraque), já é lugar comum referir-se à situação atual do Iraque com a imagem do “fantasma do Vietnã”, a primeira derrota militar do imperialismo americano, sofrida nesse país do sudeste asiático em 1975. A situação no Iraque transformou-se, assim, no principal fator de desgaste de Bush. Nesse aspecto, o presidente americano se espelha em seus principais aliados europeus: a derrota eleitoral de Aznar, na Espanha, e o grande retrocesso do britânico Tony Blair e do italiano Silvio Berlusconi.
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