Avanço da privatização da Petrobras aumenta casos de corrupção na petroleira

Jornais de todo país publicam as notícias relacionadas com o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa,preso após a descoberta que teria depositado em contas da Suíça US$ 23 milhões de dólares, e em outra conta mais US$ 5 milhões. O ex-diretor negociou um acordo de delação premiada com a procuradoria, e passou a entregar muitos políticos conhecidos.

Pelo menos três governadores, 12 senadores e 49 deputados federais foram denunciados. Os partidos vão desde o PT, ao PP de Maluf, passando pelo PSB da Marina, sem esquecer o PMDB, tradicionalmente envolvido em escândalos de corrupção.

O megaesquema envolvia empreiteiras que ganhavam licitações superfaturadas e fraudulentas com a estatal. Um percentual destes superfaturamentos era desviado para os políticos e os partidos que garantiram que as empreiteiras ganhassem as licitações.

Somente de um esquema de corrupção relacionado a comprapela Petrobras da refi naria de Pasadena, nos EUA, Costa recebeu 1,5 milhão de real de propina. O Tribunal de Contas da União calcula que o prejuízo que esta negociata deu ao país é de US$ 792 milhões. A refinaria custou US$ 1,2 bilhão.

A refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, tem orçamento atual estimado em US$ 20 bilhões, quase 20 vezes seu preço inicial. O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, o Comperj, tinha um valor inicial de R$19 bilhões, mas hoje seu orçamento é de R$36 bilhões. Na Refi naria Abreu e Lima, a Polícia Federal estima que foram desviados R$ 400 milhões.

As propinas eram lavadas pelo doleiro Alberto Youssef, preso em março. As empreiteiras contratadas pela Petrobras faziam pagamentos direto a MO Consultoria, empresa de fachada usada por Youssef. Calcula-se que os repasses chegaram a R$ 89,7 milhões. Entre as empreiteiras que fizeram pagamentos estão OAS e a Galvão Engenharia. A OAS fez dois PA gamentos no total de R$ 1,6 milhão, entre setembro de 2010 a janeiro de 2011. A Galvão Engenharia desembolsou R$ 1,5 milhão, entre abril e março de 2011. No topo da lista está a Camargo Corrêa, uma das sete maiores construtoras do país. O Ministério Público informa que a empreiteira repassou R$ 26 milhões para a MO. Ela lidera o consórcio de construção da Abreu e Lima, empreendimento aprovado pelo ex governador Eduardo Campos. Todas estas empreiteiras são grandes doadoras de campanhas dos candidatos burgueses à presidência.

Políticos envolvidos na maracutaia
Paulo Costa citou a governadora Roseana Sarney (PMDB), do Maranhão; o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB) e o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), ex-componente da chapa de Marina. Estariam na lista, ainda, o presidente do Senado, Renan Calheiros e o da Câmara, Henrique Alves, o ministro das Minas e Energia, Edson Lobão (todos do PMDB), e outros 24 deputados federais.

Petrobras está sendo privatizada
Nas eleições de 2010, Dilma Rousseff prometeu que não privatizaria o pré-sal da Petrobras. “Isso seria um crime contra o Brasil porque o pré-sal é nosso grande passaporte para o futuro”, disse. Mentiu, e o governo do PT continuou com a política privatista do PSDB e de FHC. Desde 2002, já foram seis leilões de reservas de petróleo, com desta- que para a trágica privatização do Campo de Libra, em outubro de 2013.

Também foi na gestão petista que a mão de obra terceirizada teve um salto gigantesco. Hoje são 90 mil empregados próprios da Petrobras contra quase 400 mil terceirizados.

O avanço da precarização do trabalho leva a acidentes, como o que ocorreu na manhã de 11 de setembro na Refinaria Henrique Laje (Revap) em São José dos Campos(SP). Seis trabalhadores fi caram feridos após uma explosão. Entre as vítimas, dois funcionários da própria Petrobras e quatro de uma empresa terceirizada. A empresa, na maior cara de pau, informou que o acidente não provocou dano ambiental.

Contra a privatização e corrupção, Petrobras 100% estatal!
O caso atual de corrupção na Petrobras reforça o debate sobre a necessidade de uma Petrobras 100% estatal e controlada pelos trabalhadores. Só assim a estatal deixará de ser esse balcão de negociatas e corrupção tocadas pelos partidos e empreiteiras. Somente isso acabará com a corrupção.

Defendemos que a empresa seja controlada por aqueles que trabalham nela. Com isso, podem transformar a riqueza que produz em investimento na educação, saúde, moradia e transporte público, e baratear o preço da gasolina, diesel e gás de cozinha, beneficiando todo o povo brasileiro.

Publicado originalmente no Opinião Socialista 486

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