O debate sobre o projeto de reconstrução da Quarta Internacional terminou com a proposta de realização de um seminário para atualização do programa de transição a ser realizado em 2009.

O Programa de Transição foi escrito em 1938 por Trotsky como base para a fundação da Quarta Internacional. Diante das profundas transformações ocorridas no mundo após a queda do Leste Europeu e a restauração do capitalismo nos ex-Estados operários, a LIT e as organizações com as quais mantém relações políticas fraternais se vêem diante da necessidade urgente de atualizar o Programa de Transição como parte do processo de reconstrução da Quarta Internacional.

Esse é o objetivo do seminário, que deverá ser convocado não apenas pela LIT, mas por todas as organizações presentes ao IX Congresso Mundial, na medida em que existe um acordo sobre a importância da atualização programática na tarefa de reconstruir a Quarta Internacional.

IMPULSIONAR O ELAC
A realização do Elac foi um avanço na luta para reagrupar a vanguarda classista e combativa da região. Por isso, o congresso resolveu que a direção da LIT e de todas as suas seções têm como centro de sua política para a reorganização do movimento operário o fortalecimento do Elac como ferramenta na luta pela organização independente da classe trabalhadora contra os ataques do imperialismo.

Como foi decidido no primeiro encontro, agora é o momento de impulsionar a primeira campanha do Elac, a jornada antiimperialista na terceira semana de outubro, que tem como eixo continental a bandeira “Fora as tropas do Haiti”, unida às lutas antiimperialistas que surjam na conjuntura ou sejam próprias do país naquele momento.

A segunda campanha é contra a criminalização das lutas operárias e populares e pela liberdade sindical, que tem como símbolo a situação colombiana, que já tirou a vida de 5 mil dirigentes sindicais nos últimos dez anos, unida às campanhas que se desenvolvem em cada país por aqueles companheiros assassinados, presos ou com processos abertos na Justiça.

LUTAS CONTRA O MACHISMO E OPRESSÃO
O congresso decidiu uma série de políticas para buscar organizar as mulheres trabalhadoras e pobres, que suportam uma superexploração e um agravamento de todos os níveis de opressão e humilhação em todos os países do mundo. E foi firme em dizer mais uma vez que o machismo, em todas as suas manifestações, é uma ideologia burguesa que destrói a classe trabalhadora e, portanto, é incompatível com o programa revolucionário.

Entre as resoluções adotadas está a orientação a todas as seções da LIT para a tomar a questão da mulher como parte de suas análises e políticas para ganhar as mulheres trabalhadoras para a luta revolucionária. Também decidiu-se montar uma comissão de mulheres da LIT para fazer a elaboração teórico-programática da Internacional sobre a questão da luta contra a opressão das mulheres e todas as demais opressões.

APOIA MOBILIZAÇÕES NA EUROPA
O congresso mundial fez uma intensa discussão sobre a Europa, lembrando que alguns países como Grécia e Portugal estão em recessão há vários anos e que agora essa situação já atingiu a França, a Espanha, a Grã-Bretanha e a Itália, e vai se espalhar pelo continente, condenando milhões de trabalhadores ao desemprego e à miséria. Essa crise afeta em primeiro lugar os trabalhadores imigrantes, ameaçados pelas expulsões massivas, pelo aumento da repressão e pela aplicação da normativa de retorno, conhecida como normativa da vergonha, além da piora geral das condições de trabalho.

A crise econômica e a crise política da UE estão provocando uma reação da classe trabalhadora. O ascenso, muito concentrado na França nos últimos anos, vem se estendendo a todo o continente, apesar de a vanguarda estar na França, na Grécia e em Portugal. A normativa da jornada de 65 horas e as mobilizações contra os ataques aos trabalhadores indicam uma temporada de grandes lutas, sobretudo na Grã-Bretanha, na Itália e na Grécia.

SOBRE ARGENTINA
Todas as organizações argentinas que fizeram parte da comissão que discutiu esse ponto no congresso resolveram por unanimidade propor à direção da LIT que continue seguindo os acontecimentos políticos no país como uma de suas prioridades. Isso para ajudar a resolver as diferenças que surgiram sobre o tema no último período, confiando que o método de intervenção e continuidade dos debates permita superar as divergências.

O congresso adotou a resolução que deixa claro que a maneira correta de abordar esses fatos é com base nas conclusões da Terceira e da Quarta Internacionais para a questão agrária, que definem os potenciais aliados e inimigos da classe operária no campo. Que a independência da classe operária e a luta contra a colonização e o saque imperialistas, cujo maior símbolo hoje é a política de expandir o plantio de soja, devem ser o guia que oriente nossos partidos. Que é preciso lutar contra os planos imperialistas e das multinacionais do agronegócio implementados pelos governos e os grandes produtores de soja.

Por isso, a posição correta é ser contra e combater o lockout (greve) patronal, enfrentando-o com a luta e a organização da classe trabalhadora rural e urbana e seus verdadeiros aliados: as classes médias empobrecidas da cidade que foram prejudicadas pela medida e os camponeses pobres (os que não exploram força de trabalho alheia), atacados pela patronal da soja e excluídos pelas entidades que encabeçaram a medida.

Num conflito dessa natureza, a política dos revolucionários é separar o camponês pobre do rico. No caso argentino, essa divisão ocorreu na realidade, ficando os camponeses pobres e as entidades que os representam por fora e enfrentando o lockout da patronal da soja. É, portanto, inadmissível para organizações revolucionárias a colaboração política com os latifundiários e o campesinato rico, representados pela Sociedade Rural e outras entidades. A complexidade das transformações no campo nos obriga a intensificar o estudo do tema para aprofundar nossas análises, nosso programa e as orientações.

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