Secretaria de Mulheres do PSTU

O Brasil explodiu com lutas e manifestações. A insatisfação com o aumento das passagens do transporte, o caos na saúde e na educação, a alta dos preços, etc., foi para as ruas com milhares de pessoas. As manifestações trouxeram rostos jovens e femininos. Segundo uma pesquisa do Datafolha, as mulheres formavam 57% da manifestação, do dia 17 de junho, em São Paulo.
Em todos os protestos estavam presentes reivindicações de luta contra a violência machista e contra o Bolsa Estupro, projeto que impõe a maternidade compulsória à mulher vítima de estupro. Ela receberia verba para criar a criança concebida pela violência.  As “Marchas das Vadias”, construídas sob esse novo contexto, reforçaram os gritos de luta.
No dia 11 de julho, greves, paralisações e manifestações de rua foram fundamentais para avançar nessa unidade. Em meio à paralisação de fábricas e bloqueios de rodovias, se destacou a forte presença de mulheres à frente das ações. Junto às mulheres trabalhadoras, cresceu o ânimo para lutar por salário igual para trabalho igual, contra a violência e para mostrar que as mulheres trabalhadoras são fortes e podem ser decisivas na luta.
A força das mulheres no dia 11 de julho foi fundamental para colocar na pauta de reivindicações do dia 30 de agosto a luta por salário igual para trabalho igual. No Brasil, as mulheres chegam a receber até 30% a menos do que homens. O dia 30 promete ser mais um momento de protagonismo para as lutas das mulheres.
 
Construindo uma alternativa de organização e luta
Nos dias 4, 5 e 6 de outubro, o Movimento Mulheres em Luta (MML) vai realizar seu 1º Encontro Nacional. O movimento de mulheres no Brasil perdeu uma referência combativa.  Por isso, é necessário construir uma alternativa classista e independente para a organização das mulheres.
 Muitas organizações dos movimentos sindical, popular e estudantil que encabeçavam a resistência da classe trabalhadora e das mulheres passaram a ser base de apoio do governo do PT. Um exemplo é a Marcha Mundial de Mulheres, principal referência de organização feminista no país, que continua levantando as bandeiras das mulheres, mas se abstendo dos necessários enfrentamentos com os governos do PT.
 
Dilma e o machismo
 A eleição da primeira mulher à presidência do país consolidou o apoio da Marcha Mundial de Mulheres aos governos do PT. No entanto, é um equívoco pensar que basta ter uma mulher na presidência para que as mulheres trabalhadoras sejam favorecidas.
A eleição de uma mulher ajuda a romper com a ideia de que as mulheres não podem ter qualquer atuação política. Entretanto, a marca fundamental do governo Dilma são as privatizações, os cortes orçamntários nas áreas sociais, e o pagamento da dívida pública. Ou seja, o fortalecimento dos banqueiros, empresários e latifundiários em detrimento dos interesses das mulheres trabalhadoras.
Em relação aos direitos das mulheres, Dilma não cumpriu sua promessa de campanha de construir mais 6 mil novas creches, não garantiu investimento para que a Lei Maria da Penha seja cumprida e, também, foi responsável por grandes retrocessos na luta pela legalização do aborto no país. Esse balanço reafirma a postura que vem orientando o Movimento Mulheres em Luta: não basta ser mulher, é preciso governar para homens e mulheres da classe trabalhadora.
Nesse sentido, a realização do I Encontro Nacional do MML busca dois grandes desafios: promover o encontro das lutas das mulheres jovens e trabalhadoras (expressa nas manifestações de junho e de julho) e consolidar uma alternativa de organização classista que se enfrente com os governos para conquistar os direitos das mulheres. Só assim é possível mostrar que a luta contra o machismo é parte fundamental da luta contra a exploração e pela construção de uma sociedade socialista. 
 

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