Usiminas foi uma das empresas que diminuíram previsão de investimentos

Enquanto uma nova bolha se forma na Bolsa, expectativa para a economia em 2009 é de queda ainda maior nos investimentos e na produçãoPesquisa realizada pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) revela uma nova queda na previsão de investimentos para a indústria em 2009. Após a estimativa de queda de R$ 20 bilhões anunciada em janeiro, a Federação anuncia agora a intenção de as indústrias no país reduzirem mais R$ 5 bilhões de seus investimentos para o ano.

Isso significa menos R$ 25 bilhões, ou um corte de 26% do conjunto de investimentos projetado pelo conjunto das indústrias no final de 2008, quando era esperada uma injeção de R$ 102 bilhões no setor. Entre as empresas que reduziram suas estimativas de gasto estão grandes empresas como Usiminas, Gerdau, Suzano e a própria Vale, embora a pesquisa da Fiesp não inclua ainda o anúncio recente da redução dos investimentos da mineradora em 5 bilhões de dólares, ou algo em torno de R$ 10 bilhões.

A entidade patronal reclama da diminuição da demanda causada pela crise e a falta de crédito para as empresas.

Recuperação?
A queda nas estimativas de investimentos para a indústria este ano desmente a versão de recuperação alardeada pela imprensa e governo. Ao mesmo tempo em que as ações da Bolsa experimentam uma rápida valorização, a queda na produção industrial persiste e os investimentos são cortados. O que ocorre no mercado de ações dá indício de uma nova bolha no mercado financeiro, sem sustentação real.

A mesma Fiesp divulga uma expectativa de queda recorde nas exportações de produtos manufaturados e semimanufaturados em 2009, da ordem de 35% em relação ao ano passado.

Pesquisa do IBGE já constatava uma queda brutal da produção industrial no primeiro trimestre do ano, de 14,7% em relação a 2008. O principal setor afetado foi o de bens de capital, ou seja, máquinas e equipamentos, com recuo de 23% em relação ao mesmo período do ano passado.

A queda dos investimentos em maquinário expressa uma clara percepção de que a crise não é passageira e que, portanto, não se vislumbra um aumento da capacidade produtiva a médio prazo.

O próprio governo, através da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, já prevê uma redução do total dos investimentos realizados no país, tanto público quanto privado, na ordem de 2% a 3%. Mais otimista que analistas privados, que crêem que essa queda chegue a 5%.