O presidente da Bolívia anunciou na noite desta terça-feira, 15, a antecipação do fim de seu mandato, que iria até 2007. Carlos Mesa enviará nesta quarta ao Congresso a proposta de realização de novas eleições, no dia 28 de agosto. Pela proposta, a eleição também escolherá novos 157 deputados, que farão parte de uma Assembléia Constituinte.
Esta é mais um capítulo na tentativa de deter o avanço dos movimentos sindicais e populares, que após derrubarem Sánchez de Lozada, em 2003, têm promovido protestos e bloqueios de estrada contra o presidente Mesa e sua política de privatização do gás e do petróleo. Acuado pelos protestos, Mesa chegou a chantagear o país com um pedido de renúncia na semana. Agora, tenta aproveitar a confirmação de sua presença no cargo para realizar novas eleições, que levem a um outro cenário, onde seja possível deter as lutas populares e aplicar a Lei de Hidrocarbonetos.
Como o pedido de renúncia não foi suficiente para deter as lutas – a Central Operária Boliviana (COB) está convocando uma greve geral de 48 horas Mesa aponta para uma saída eleitoral. Segundo ele, Se não levarmos adiante um processo desta natureza, em poucos dias este país (…) será simplesmente ingovernável.
COMBUSTÍVEIS – O anúncio feito em rede nacional de rádio e tv também retirou o novo projeto da Lei dos Hidrocarbonetos. Após conseguir aprovar uma lei em um plebiscito fraudulento e ceder a exploração do gás boliviano às multinacionais, Mesa tenta diminuir a taxa de royalties que as empresas são obrigadas a pagar ao país, de 50% para 18%. Sem condições de impôr esta mudança, Mesa adia o debate para depois das eleições.
PETROBRAS – O Brasil têm atuado para garantir seus interesses, principalmente em relação ao gás. No Rio de Janeiro, o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, afirmou que o país precisará do gás boliviano até 2010, quando entrar em operação o campo de gás natural com reserva de 420 milhões de metros cúbicos descoberto na Bacia de Santos.
José Eduardo lembrou que o Brasil tem “investimentos vultosos“ naquele país e vai aguardar os acontecimentos: “A expectativa, vou repetir mais uma vez, é de que se chegue a uma proposta que atenda os interesses do povo e do governo boliviano, mas que, por outro lado, não iniba os investimentos estrangeiros naquele país em particular os da Petrobras, afirmou. A Petrobras é uma das maiores multinacionais na Bolívia.