Leia a declaração da LIT-QI sobre a organização da luta contra o golpe em Honduras. Nesta segunda-feira, o governo golpista editou um decreto proibindo protestos públicos e suspendendo a liberdade de expressão e de imprensa. Rádios e emissoras de TV foramA entrada de Zelaya em Honduras produziu um salto nas mobilizações contra o governo golpista de Micheletti. Às marchas pacíficas, duramente reprimidas, sucederam-se ações das massas nos bairros populares da capital e do resto do país. Os trabalhadores e o povo hondurenho estão desafiando o toque de recolher (agora transformado em estado de sítio), defendendo seus bairros com barricadas e confrontos com as forças policiais e assaltando os supermercados para poder se alimentar. Os trabalhadores e o povo hondurenho estão sendo os protagonistas da história. Este novo ascenso da lutas só foi possível graças à heroica resistência dos últimos três meses. Sem ela, seria impossível que Zelaya pudesse regressar ao país.

O governo golpista está tentando acabar com as mobilizações através da repressão. Contudo, com toda sua brutalidade, ainda não chegou aos níveis sanguinários das ditaduras militares da Argentina ou a chilena de Pinochet, porque sabe que está isolado e, a qualquer momento, a situação poderá se reverter.

A repressão, porém, está produzindo um efeito contrário. O toque de recolher, o fechamento de fronteiras e a repressão indiscriminada estão levando setores populares que até agora estavam neutros ou favoráveis aos golpistas a se somarem à resistência. A burguesia hondurenha (inclusive a centro-americana) está tendo enormes perdas econômicas e percebe que manter o apoio a Micheletti não está sendo um bom negócio.

Em discurso na abertura da Assembleia da ONU, o presidente Lula, apoiado pela administração de Barack Obama e outros porta-vozes do imperialismo como Zapatero, deixou claro que o imperialismo apoia o regresso de Zelaya e propõe sua restituição ao governo através do chamado Acordo de San José. O perigo de que o governo golpista de Micheletti caia pela ação das massas empurrou esses senhores a pressionar por uma negociação.

Ao provocar a radicalização nas ações das massas hondurenhas, o imperialismo está orquestrando a volta dos embaixadores de Honduras, junto com os representantes da OEA (Organização dos Estados Americanos) e, novamente, de Oscar Arias para resolver o conflito através das negociações, tentando resguardar as instituições que apoiaram e realizaram o golpe: Forças Armadas, Tribunal Supremo, Congresso e Igreja. Com isso, querem salvar a oligarquia e as famílias latifundiárias e burguesas para que não sejam varridas pela ação das massas. O imperialismo quer salvar essas instituições porque elas historicamente sustentaram sua dominação no país. Para o imperialismo, Honduras foi uma fortaleza que por décadas permitiu o controle da América Central.

Zelaya mostra-se disposto a dialogar nos marcos propostos pela diplomacia internacional e tem recebido os candidatos golpistas às eleições de novembro. Micheletti, por sua vez, continua propondo que ambos renunciem para viabilizar as eleições dos golpistas. O imperialismo e a burguesia hondurenha têm pressa de resolver o conflito antes que as massas o façam.

A mobilização das massas vai objetivamente para além da restituição de Zelaya, pois enfrenta instituições cuja origem está na velha ditadura dos anos 70. As exigências de punição para todos os golpistas e a convocação de Assembleia Constituinte são prova disso. Mas, sem a radicalização das lutas, é impossível que a queda do governo golpista leve junto as instituições que orquestraram e apoiaram o golpe. Sem a mobilização, não há garantias de que sejam punidos os golpistas que estão reprimindo o povo.

Chamamos o povo hondurenho a não confiar nem em Lula, nem em Obama ou nos organismos internacionais do imperialismo (ONU e OEA). Seu interesse é salvar as instituições hondurenhas que estão a serviço da oligarquia. Saudamos os trabalhadores e o povo hondurenho por sua heroica resistência, por converter os bairros populares em fortalezas contra o governo golpista e de resistência. É preciso estender e aprofundar a luta contra o golpe. Por isso, apoiamos o apelo da Frente Nacional de Resistência ao Golpe de organizar a luta a partir da base. É preciso se organizar em cada bairro, em cada centro de trabalho e de estudo, nas cidades e aldeias do interior. A Frente Contra o Golpe, nestes momentos cruciais, deve ser independente e não aceitar nada que não seja o retorno incondicional de Zelaya ao governo, o fim do regime e de suas instituições.

  • Viva a luta do povo hondurenho!
  • Fora golpistas e suas instituições!
  • Não ao Acordo de San José!
  • Restituição incondicional de Zelaya!
  • Assembleia Constituinte para varrer as instituições golpistas, a oligarquia e a dependência do imperialismo!

    Post author Secretariado Internacional da LIT-QI
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