É nas lutas que vamos mudar o Brasil para assegurar vida digna para os trabalhadores e para o povo pobre

Diante de um segundo turno disputado por um candidato do PSDB – representante maior dos bancos e das grandes empresas em nosso país – e uma candidatura do PT, nós entendemos as razões que levam ainda muitos trabalhadores a acharem que é melhor votar em Dilma para derrotar Aécio Neves e respeitamos, obviamente, a opinião de todos que pensam assim. Mais do que isso, queremos estar juntos com estes e com todos os trabalhadores nas lutas que teremos pela frente para defender nossos direitos e melhores condições de vida para nosso povo. No entanto, queremos expressar claramente a opinião do nosso partido pelo voto nulo e as razões pelas quais a adotamos.

O PSTU lançou candidatos às eleições para defender um programa operário e socialista para o país. Um programa para garantir o atendimento das demandas necessárias para assegurar vida digna para os trabalhadores e o povo pobre – saúde, educação, moradia, transporte, aposentadoria, reforma agrária, emprego e salário digno para todos. Para assegurar o respeito aos direitos das pessoas LGBT, o fim da discriminação e do machismo contra as mulheres e do racismo contra negros e negras. Que ponha fim à violência e à criminalização da pobreza e das lutas dos trabalhadores e da juventude brasileira. Um programa que, para atingir estes objetivos, faz avançar medidas para colocar fim ao controle que os bancos, as empreiteiras, as multinacionais e as grandes empresas têm sobre nosso país, pois esta é a única forma de acabar com a injustiça e a desigualdade.

O segundo turno das eleições será disputado por duas candidaturas que não defendem este programa. Aécio Neves, do PSDB é o representante direto dos bancos e das grandes empresas que controlam o país. Seu governo seria a expressão clara do retrocesso, da volta de um governo que, como FHC, privatizou, entregou o patrimônio do Brasil às multinacionais e atacou duramente os direitos dos trabalhadores. De governos como o de Geraldo Alckmim, de São Paulo, e de Anastasia, em Minas Gerais, onde a brutalidade e a violência policial é a única resposta às demandas dos trabalhadores, do povo pobre e da juventude.

A continuidade do governo do PT, com Dilma Rousseff, tampouco vai trazer as mudanças que os trabalhadores e a juventude brasileira querem para terem uma vida melhor. Depois de 12 anos de governo petista, é forçoso reconhecer que este partido tem governado privilegiando os mesmos interesses que o governo anterior. Ao buscar uma aliança com os bancos e grandes empresas para governar (representados pelos Sarney, Collor e Maluf da vida), o PT não mudou nem vai mudar o país.

O Bolsa Família, apresentado como prioridade do governo petista, pois destinado a combater a pobreza, leva do orçamento do país cerca de R$ 24 bilhões ao ano. Já o “Bolsa Banqueiro” – recursos públicos que saem do mesmo orçamento para engordar os lucros dos bancos e especuladores do mercado financeiro – chega a R$ 900 bilhões ao ano. Ou seja, a prioridade, de fato, continua sendo os bancos e não os pobres.

Pelo contrário, com a desaceleração da economia que estamos assistindo – o PIB do país deve crescer menos de 1% este ano –, o que está em preparação, desde já, são mais ataques aos direitos dos trabalhadores. É o aumento do preço da gasolina (e de outros que vêm em cascata toda vez que a gasolina aumenta), aumento da tarifa de luz, continuidade das privatizações (como o recente leilão do Campo de Libra). O que se prepara é mais subsídios para os bancos e grandes empresas, e não medidas que impeçam o crescimento do desemprego.

Vai ser assim num eventual governo do PSDB, mas, infelizmente, pelo que se viu nos últimos 12 anos, também num governo do PT. A experiência do povo brasileiro com os governos do PSDB e também com os governos do PT não dá base para que se tenha ilusão de que o resultado destas eleições mude o país e acabe com as mazelas que afligem nossa vida cotidianamente. Pelo contrário, os trabalhadores e a juventude devem se preparar para a luta em defesa de seus direitos e interesses. É nas lutas que vamos mudar o Brasil para assegurar vida digna para os trabalhadores e para o povo pobre.

O PSTU acredita, como dissemos no primeiro turno, que o voto é um gesto político que fortalece quem o recebe. E, por tudo o que está dito acima, nossa opinião é que não podemos fortalecer nenhuma das alternativas que estão disputando o segundo turno. Por esta razão, nossa opinião é que o voto certo no segundo turno é o voto nulo, e que, sim, precisamos fortalecer cada vez mais a organização e a luta dos trabalhadores e da juventude, pois é na luta que reuniremos condições para mudar nosso país. É esta opinião que levamos aos milhares de trabalhadores e jovens que nos acompanharam na primeira fase das eleições.

Saudações Socialistas!

Zé Maria, presidente nacional do PSTU