As eleições em Porto Alegre marcaram a vitória do Prefeito José Fortunati (PDT), com 65% dos votos válidos. O atual prefeito aproveitou a conjuntura marcada pelo continuísmo e pelas poucas diferenças com sua principal adversária, Manuela D’avila (coligação PCdoB-PSD), ambos da base dos governos federal e estadual. Para se eleger, o candidato contou com muita máquina e dinheiro de empreiteiras, como a OAS, ainda no primeiro turno.

A principal novidade foi a derrota eleitoral do PT que governou a cidade durante 16 anos e teve a menor votação desde 1985. A candidatura de Vila Verde (PT), mesmo usando à exaustão a imagem de Lula e também de Marina Silva, não conseguiu passar de 10% dos votos em nenhum momento da campanha.

Este péssimo resultado do PT em Porto Alegre é acentuado com a derrota eleitoral em importantes cidades, onde já governavam e sempre tiveram importante participação. Esse resultado negativo do PT, diferente do resultado nacional, em boa parte deve ser atribuído a postura do governador Tarso Genro de não pagar o piso salarial nacional aos educadores e fazer uma série de ataques aos direitos dos servidores públicos estaduais. A campanha sistemática de denúncia do governador pelo CPERS/Sindicato (sindicato dos trabalhadores da educação) contribui e muito para que amplos setores da população não vissem na eleição o PT como uma alternativa eleitoral municipal.

Espaço para a esquerda
O desgaste político do PT e do PCdoB abriu um espaço minoritário à esquerda, ocupado majoritariamente pelo PSOL. Esse partido, por meio da candidatura de Roberto Robaina, fez uma campanha sem denunciar sistematicamente o governador Tarso Genro, defendeu um programa com eixo na ética e com “pérolas” programáticas como mais polícia para garantir segurança e acordo com o financiamento de empresas na campanha eleitoral.

Uma campanha diferente
A frente política PSTU/CS com um perfil classista, bem diferente do PSOL, fez uma campanha colada às greves e mobilizações que ocorreram no período, como a dos servidores públicos federais, apresentando um programa anticapitalista e de enfrentamento com as mega candidaturas, disputando a consciência e os votos dos trabalhadores dentro do espaço de esquerda que existia, sendo a única candidatura a se posicionar contra o financiamento de campanha pelas grandes empresas.

A campanha da frente política PSTU/CS, encabeçada por Érico Corrêa, militante da CS, e a professora estadual Resplande de Sá, militante do PSTU e vice-prefeita na chapa, foi construída em uma dura oposição de esquerda a Fortunati, Manuela e ao PT. Fizemos uma grande campanha com atividades nas principais categorias de intervenção sindical e política, agitação na rua e um programa que buscava partir das questões concretas da população, seus principais problemas colocando as soluções sempre no marco da defesa do socialismo.

Além de Porto Alegre, apresentamos candidaturas a prefeito e vereadores em Canoas, Gravataí, Santa Cruz do Sul, Santa Maria e Passo Fundo. Sendo que em Santa Maria fizemos uma frente com o PCB e em Canoas apoiamos o metalúrgico Acelino Paim (filiado ao PSOL) para vereador. Nestas cidades disputamos a consciência e o voto dos trabalhadores assim como fizemos em Porto Alegre, porém com menos militância e estrutura, o que faz dos resultados uma intervenção vitoriosa de superação e fortalecimento do projeto revolucionário nestes locais.

Nossa principal conquista foram os meses de militância comum entre o PSTU e da Construção Socialista. Tínhamos como grande objetivo nas eleições aprofundar os laços de militância em comum entre o PSTU e a CS. Esse era um grande desafio que foi alcançado pelas duas organizações. Construímos uma campanha que no seu dia a dia foi levada pela nossa militância que elaborou um programa para Porto Alegre materializado numa revista; abriu um comitê em um local central na cidade com a ajuda dos nossos apoiadores e teve a coragem de ir para a rua defender uma alternativa socialista e dos trabalhadores.

A campanha que realizamos na capital gaúcha e outras cidades do Rio Grande do Sul, nos enche de orgulho e fortaleceu a frente política que saiu com muita autoridade naqueles ativistas que lutam por uma vida melhor. Agora, nossa principal tarefa é aprofundar o processo de intervenção comum na luta de classes, enfrentando o Governo Tarso, Fortunati e Dilma e construir o partido revolucionário unificado entre as duas organizações nos marcos do PSTU e da LIT-QI, com o horizonte estratégico de reconstrução da Quarta internacional. Junto com isso, vamos seguir desenvolvendo as denúncias que fizemos na campanha eleitoral e construir oposições políticas aos governos eleitos, que inevitavelmente confirmarão o que dissemos na campanha: eles governarão para os ricos.

Post author
Publication Date