Muitos trabalhadores, que dedicaram muitos anos de sua vida à construção do PT, hoje rompem com esse partido. Outros, mais jovens, já surgem para a vida política se enfrentando com a podridão que vem de Brasília e do governo Lula. A ruptura com o PT é um fato político extremamente progressivo e fundamental para a evolução do movimento de massas no Brasil, que esteve atrelado a esse partido por mais de vinte anos.

Existe, entretanto, um grande problema: a experiência com o PT gera uma espécie de terra arrasada, em que nada pode crescer porque impera o ceticismo. Uma pergunta está na boca de todos os ativistas: se o PT fez isso, porque seria diferente com outros partidos? Essa pergunta inclui o PSTU. Se um dia o PSTU se tornar “grande”, não irá enveredar pelo mesmo caminho?

A desconfiança é legítima em relação aos partidos integrados a este regime, que só se guiam por interesses eleitorais, e levam inevitavelmente novas frustrações para aqueles que os apóiam. Isso inclui, obviamente, os partidos da oposição burguesa (PSDB, PFL), assim como os que apóiam o governo (PL, PTB, PMDB, PP, PCdoB). Inclui também a esquerda petista, que segue no PT agarrada a seus mandatos parlamentares e cargos. Infelizmente, inclui também o P-SOL, cujos dirigentes, que são parlamentares, se guiam pelos mesmos velhos critérios eleitorais para lançar a candidatura da senadora Heloísa Helena.

No meio de toda esta crise em que parece que todos os gatos são pardos, temos orgulho de dizer que o PSTU é diferente. Não somos parte dos partidos integrados a este regime. Os interesses eleitorais e a busca por cargos não nos guiam. Somos um partido revolucionário, com uma estratégia na luta direta das massas. E podemos prová-lo.

Muitos de nós, que hoje estamos no PSTU, fomos de correntes que se encontram entre as fundadoras do PT. Nosso rompimento deu-se em 1992, há 13 anos , quando vimos que esse partido estava tomando o rumo que hoje aparece claro para a maioria.
Se nosso objetivo fosse – como foi e é o da maioria das correntes internas do PT – obter cargos e eleger deputados, não teríamos rompido com esse partido e fundado o PSTU.

Rompemos com o PT (a expulsão foi só a forma da ruptura), por se opor à prática das prefeituras petistas, que já antecipavam o que seria o governo Lula. Rompemos com o PT quando esse partido ainda caminhava para seu auge eleitoral. Nós poderíamos ter nos adaptado a isso, como fez e faz, até hoje, a chamada esquerda do PT. Então hoje teríamos cargos no governo e parlamentares. Mas optamos por um outro caminho, porque temos outra estratégia.

Optamos em nadar contra a corrente, apesar de todas as dificuldades que isso implicou, porque, para nós, mais importante do que os cargos é a organização dos trabalhadores em suas lutas diretas. A mudança que o povo brasileiro necessita não virá, de forma alguma, pela via eleitoral. As eleições, para nós, são totalmente secundárias. Por isso, não subordinamos nossa estratégia – a organização e a luta dos trabalhadores para realizar as transformações revolucionárias que precisamos – à “cômoda” situação de continuar em um partido que nos trouxesse vantagens materiais e eleitorais.

Mesmo os parlamentares que tivemos foram exemplos de como os revolucionários agem no parlamento. Companheiros como Cyro Garcia (RJ) e Ernesto Gradella (SP) foram deputados e mantiveram o mesmo nível de vida que tinham antes, ganhando os mesmos salários que recebiam antes de serem eleitos, e colocando o restante a serviço das mobilizações. Hoje, sem mandato, continuam nas lutas dos trabalhadores.

Mesmo quando temos que enfrentar problemas, somos diferentes. Como não havia espaço no partido para uma postura oportunista, Lindberg Farias, hoje prefeito de Nova Iguaçu, teve de romper com o partido para apoiar a candidatura de Lula em 2002, e conseguir um cargo de deputado. Aqui se mostra também como o PSTU é distinto, não dando espaço para o carreirismo parlamentar.

Não recebemos dinheiro da burguesia, nem da corrupção. Temos um objetivo revolucionário que não deixa espaço para a falcatrua, a corrupção, as alianças nefastas e criminosas com a burguesia, ou a convivência e cumplicidade com o mar de lama, que cerca o jogo de cartas marcadas ditado pela lógica eleitoral e parlamentar.

Por isso, enquanto boa parte da esquerda parlamentar vive nesse momento uma crise pavorosa, as bandeiras do PSTU tremulam nas greves, nas mobilizações de rua dos trabalhadores e estudantes.

Nós, que rompemos há 13 anos com o PT, e que durante todos esses anos viemos combatendo esse partido, queremos convidar os trabalhadores e estudantes, que seguem lutando pela revolução socialista, a se unirem a nós.

Post author Editorial do jornal Opinião Socialista 221
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