PSTU apresentará a candidatura de Zé Maria à presidência nas eleiçõesQuando a pré-candidatura de Zé Maria foi lançada há quase um ano, ela tinha como objetivo fazer ecoar uma campanha em defesa de uma Frente dos Trabalhadores.Queríamos que Lula e o PT rompessem com a burguesia e assumissem um programa anticapitalista . Mas Lula e o PT fizeram uma opção clara por dividir os trabalhadores, abandonar a trincheira da esquerda e posicionar-se na “centro esquerda”, ao lado da burguesia.

Lula fará, formalmente ou informalmente (via coligações brancas nos estados) aliança com o PL, com o PMDB e outros partidos e figuras burguesas. Está defendendo um programa que se compromete a pagar a dívida externa, a não romper com o FMI e com as negociações da Alca. E, de quebra, passou a condenar as ações dos movimentos sociais, como as ocupações de terra do MST.

Diante disso, não apresentar uma alternativa de esquerda nas eleições, significaria conivência com uma campanha que será um fator de retrocesso para a luta, consciência e organização da classe trabalhadora brasileira.

A candidatura de Zé Maria será, portanto, uma opção verdadeiramente de esquerda nas eleições.

O papel da esquerda nas eleições

O Brasil caminha para ser a Argentina amanhã: um país colonizado e quebrado. Sem ruptura com o imperialismo, qualquer que seja o futuro governo, enfrentará uma enorme crise econômica e jogará a mesma nas costas dos trabalhadores e da maioria do povo.

Os oito anos de FHC aprofundaram o abismo social que existe no Brasil. A maioria do povo brasileiro precisa e quer mudança.

Aproxima-se mais uma eleição na qual todas as candidaturas da burguesia, inclusive, o candidato governista – preferido do FMI e da maioria da classe dominante – vão tentar aparecer como “do social”.

Na campanha, comandada pelo poder econômico, veremos mais um festival de manipulação, de alienação e de mentiras.

No tocante a propostas e projetos, as diferentes candidaturas serão muito parecidas, uma vez que também Lula não apresenta diferenças de fundo com a ordem estabelecida.

Como o imperialismo e o capitalismo só têm mais miséria a oferecer para os trabalhadores, em muitos lugares do mundo, como na Argentina, por exemplo, a maioria dos explorados já chegou à conclusão de que mudanças não passam por votar de quando em quando, mas por tomar as ruas e questionar a ordem vigente.

No Brasil, apesar de antidemocráticas e já desgastadas, as eleições ainda vão gerar um certo grau de expectativa.

Um momento que deve ser utilizado pela esquerda para discutir com os trabalhadores e o povo um projeto real de mudanças e a necessidade de se lutar por ele. Tarefa essa que Lula abandonou em troca de se propor a ser um Jospin ou um De la Rua.

Um programa de ruptura e de ação direta

Só haverá mudança pra valer no Brasil se forem tomadas medidas estruturais e radicais para acabar com a fome, o desemprego, com os baixos salários, os déficits de moradia e infra-estrutura e com o colapso dos serviços públicos.

Só haverá mudanças se houver ruptura com os colonizadores para impedir a Alca, romper com o FMI, não pagar a dívida externa e não pagar a dívida interna aos grandes capitalistas; se forem reestatizadas as empresas privatizadas e estatizados o sistema financeiro e os grandes monopólios, sob controle dos trabalhadores.

Afirmar que outro Brasil é possível sem essas medidas ou é mentir conscientemente para o povo ou, então, é uma utopia reacionária. Tão irrealizável quanto dizer ser possível acabar com a fome no Brasil governando através do Congresso Nacional em aliança com o PL, Brizola, Arraes, Quércia…

Os governos do PT, como o de Marta Suplicy, têm demonstrado qual lado manda na “aliança” da burguesia com os trabalhadores. Se alguém tem dúvida, basta fazer um teste e perguntar à população de São Paulo qual a diferença entre o governo Marta (PT), na prefeitura, e o governo Alckmin (PSDB), no Estado. Seguramente a resposta será: nenhuma!

Um Brasil socialista é possível

As mudanças que os trabalhadores necessitam são possíveis. Mas só poderão ser conquistadas através da ação direta e impostas por um governo dos trabalhadores que, apoiado na mobilização e nas organizações dos trabalhadores e da maioria do povo, através de assembléias ou conselhos populares, governe contra as multinacionais, banqueiros e toda a burguesia.

Fazemos da luta pelo socialismo nossa bandeira, porque só um Brasil socialista poderá garantir pleno emprego, salário digno, moradia, educação e saúde pública e gratuita para todos. Só um Brasil socialista poderá colocar fim a toda discriminação e opressão e preservar a natureza. Só um sistema social fundado na igualdade pode construir um real desenvolvimento.

Uma opção de esquerda

A candidatura e a campanha de Zé Maria estará a serviço da divulgação de um programa de ruptura e das lutas dos trabalhadores e dos movimentos sociais.

A campanha, portanto, estará ao serviço da mobilização e construção do plebiscito contra a Alca, perfilando-se ombro a ombro com cada ativista deste país que, como nós, fará da luta contra a Alca a sua atividade central neste ano.

Não apenas defendemos e saudamos as ocupações de terra do MST e todas as lutas e greves da classe trabalhadora, como na campanha eleitoral, inclusive o nosso tempo na TV estará à disposição do movimento social.

É chegada a hora de construir uma alternativa revolucionária ao PT. E, nas eleições, é preciso uma alternativa de esquerda pra valer!