João Paulo II foi o mais importante líder religioso de todo o mundo, não apenas pelo tamanho da Igreja católica ou por sua presença em praticamente todos os países, mas porque, ao contrário das outras religiões, o catolicismo mantém uma enorme e centralizadíssima estrutura de poder, com o topo ocupado pelo papa, que governa de forma absoluta, sem se submeter à qualquer instância.

A Igreja funciona sem nenhuma democracia e, para garantir a continuidade de sua política, João Paulo chegou a escolher pessoalmente a maioria dos cardeais que definirão sua sucessão.

A Igreja também é a única que tem sua sede mundial, o Vaticano, reconhecida como um Estado independente, o que lhe possibilita manter relações diplomáticas com quase todos os países e participar de organismos como a ONU.

“Banqueiros de Deus”
O Banco do Vaticano é parte do capital financeiro internacional, e não por acaso o papa nunca se pronunciou contra os planos do FMI. O cardeal norte-americano Marcinkus, responsável pelo Banco e um dos braços direitos do papa, chegou a ser condenado por operações fraudulentas pela Justiça italiana e não pode sair das fronteiras do Vaticano.

Ele também esteve envolvido no episódio do Banco Ambrosiano (associado ao Banco do Vaticano), que, em 1982, praticou uma fraude de US$ 1,4 bilhão e no assassinato (até hoje não esclarecido) de Roberto Calvi, o “banqueiro de Deus”.
Em todos os países, a Igreja tem propriedades, empresas, escolas, hospitais e terras. Isso dá uma base material para a aliança de sua hierarquia com os setores mais conservadores da burguesia.

Próximo dos poderosos
A proximidade do papado com os poderosos do mundo não é exclusividade de João Paulo II. Se voltarmos na história, podemos lembrar a conivência do Vaticano com o nazismo de Hitler, recentemente objeto de livros e filmes. Nas palavras do papa Pio XII, que dirigiu a Igreja durante a Segunda Guerra, o inimigo a ser combatido era o comunismo. Já o fundador da Opus Dei dizia: “Hitler contra os judeus, é Hitler contra o comunismo”. Daí não se estranhar que muitos nazistas tenham conseguido fugir da Europa com a ajuda do Vaticano.

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