Manifestação no dia 24 de março no Vale do Paraíba. Foto Sindmetal/SJC
Atnágoras Lopes

Em defesa da vida e para barrar o genocídio em curso no país é hora de construir uma greve nacional sanitária e exigir de Bolsonaro, dos governadores, prefeitos e do Congresso Nacional a vacinação em massa imediata de nosso povo e um lockdown de 30 dias. Estamos próximos de ter 4.000 mortes diárias. Ao todo já são mais de 330 mil famílias que choram seus mortos, sem considerar as subnotificações. Basta desse genocídio!

O Brasil não possui nem 3% da população mundial e já representa 10% do número de mortos pela Covid-19 em todo o mundo. Ainda não vacinamos sequer 3% da população com as duas doses necessárias para a imunização. Na semana passada, quatro capitais suspenderam a vacinação contra a Covid-19, pois acabaram os estoques, enquanto as filas de espera por leitos de UTI aumentam, deixando rastros de dor, agonia e mortes.

Insano pela continuidade dessa tragédia, Bolsonaro foi às redes e disse “vou pensar se me vacino ou não”, em mais um gesto de desdém consciente frente ao caos. Bolsonaro e Mourão pelo cargo que ocupam têm responsabilidades por todas essas mortes. Eles se negam a determinar políticas de isolamento social e ainda promovem perseguição contra governos que, mesmo de maneira tímida, adotam lockdowns parciais.

A reivindicação por vacinação é urgente para os trabalhadores. Em alguns estados, governadores anunciaram a vacinação para professores e, em alguns casos, também para policiais. Os trabalhadores do transporte urbano rodoviário de São Paulo, através de seus sindicatos, planejam uma paralisação geral para o próximo dia 20, em defesa da vacinação para sua categoria. Sindicatos de outras categorias também começam a pautar governos e patrões exigindo vacinação específica para suas bases.

Ao mesmo tempo, vem à tona a notícia de que meia dezena de empresários mineiros, com seus amigos e familiares, tomaram “vacina” comprada ilegalmente, num episódio que escancara o quão repugnante é o caráter lúmpen de parte da burguesia brasileira.

Já o novo presidente do Congresso e aliado de Bolsonaro, Artur Lira (PP-AL), tenta a toque de caixa aprovar uma lei para legalizar o “fura-fila da vacina” para quem tem dinheiro, em meio a mortandade do povo pobre e trabalhador. Um Congresso Nacional lúmpen tal qual a corja de empresários do transporte de Minas Gerais. Uma atitude que fortalece a seletividade entre ricos e pobres e aumenta o caos, a confusão e aprofunda a política de Bolsonaro e Mourão que tem nos levado a essa situação de guerra e genocídio. Um escárnio!

A classe trabalhadora brasileira, com suas entidades, precisa se perfilar unida e, de maneira contundente, enfrentar e ser protagonista diante dessa trágica situação.

É urgente e necessário que se convoque uma greve nacional sanitária para exigir vacinação para todos e todas, já; e um lockdown nacional, com garantia de um auxílio emergencial digno, para deter a proliferação do coronavírus. Sem isso, especialistas falam que teremos 5 mil mortes diárias em breve.

As maiores centrais sindicais de nosso país precisam tomar essa iniciativa unitária, sob pena de permitir que nossa classe se sinta obrigada a tomar iniciativas isoladas ou corporativas, como já estamos vendo.

A greve pela vida é o instrumento que tem o poder de confrontar a política genocida do governo Bolsonaro, o fura-fila da vacina para os ricos e os interesses de meia dúzia de laboratórios privados que controlam toda a produção e distribuição mundial das vacinas.

Nossa greve deve incluir a reivindicação de imediata quebra de todas as patentes e colocar a distribuição sob o domínio governamental e a imunização feita somente pelas instituições de Estado, no nosso caso pelo SUS.

Greve sanitária nacional em defesa da vida, já!

Vacinação imediata para todas e todos!

Lockdown com auxílio emergencial de um salário mínimo!

Quebrar as patentes e fortalecer a campanha de vacinação em massa e gratuita pelo SUS!

Atnágoras é da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas e da direção do PSTU