Qual o motivo das comemorações de 7 de setembro se não existe nenhuma independência real do Brasil? Por acaso alguém se esqueceu que, antes das eleições presidenciais, todos os principais candidatos, incluindo Lula, se comprometeram a manter os acordos econômicos com o FMI? Ou seja, fosse qual fosse o voto dos brasileiros, o plano econômico de FHC seguiria aplicado. O voto que decide não é o do povo brasileiro, mas das grandes empresas multinacionais.

Por que fazer desfiles de tropas para comemorar a independência de Portugal, quando o país continua sendo colonizado pelo imperialismo, em particular dos EUA? Neste momento, por decisão do governo Bush, tropas brasileiras marcham no Haiti, para assegurar uma ocupação militar vergonhosa, a serviço dos planos do imperialismo.

De que independência se fala, quando o governo gastou, por ordem dos bancos estrangeiros, R$ 148 bilhões nos últimos doze meses para pagar a dívida externa e interna aos banqueiros? Esse dinheiro foi conseguido com um superávit primário recorde, que alcançou R$ 68,7 bilhões só nos últimos seis meses, que foram retirados dos investimentos em saúde e educação.

Que sentido tem falar em soberania nacional, quando o presidente do Banco Central é um executivo do Bank of Boston? Quando a taxa de juros no país é a maior de todo o mundo, pela decisão de um punhado de banqueiros?

Como comemorar qualquer coisa, sabendo que Lula está retomando as negociações da Alca com os EUA. O tratado, se concretizado, vai transformar o país em uma colônia. Mesmo as decisões da Justiça brasileira de nada valerão sobre as multinacionais.
Não existirá independência real enquanto o governo seguir atuando como capataz dos interesses do capital estrangeiro nos países irmãos da América Latina. A Petrobras atua na Bolívia, como ponta de lança das petroleiras inglesas e norte-americanas contra as aspirações do povo boliviano pela nacionalização dos hidrocarbonetos.

Pobre de um país que depende do desempenho de sua seleção de futebol para sentir orgulho do verde e amarelo. Existe uma enorme distância entre os desfiles oficiais de 7 de setembro e a realidade da dependência e submissão do país. Distância igual a que existe entre os trabalhadores e jovens deste país com o governo e o Congresso. Não é só a corrupção que iguala o governo do PT e a oposição burguesa do PSDB/PFL. A subserviência aos interesses do capital estrangeiro é também a mesma.

Para chegar a uma segunda independência, será necessário por abaixo este governo e este Congresso. Fora todos os corruptos e submissos ao imperialismo. Fora o governo, o Congresso, o PT, PSDB, PFL…

Post author Editorial do jornal Opinião Socialista 231
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