Leia carta aberta do PSTU aos partidos, ativistas e movimentos sociais e populares de Minas GeraisCompanheiros (as), nós do PSTU, tomamos a liberdade de lhes escrever esta carta porque estamos muito preocupados com os rumos que estão sendo tomados a despeito do processo eleitoral em BH. Como é de conhecimento de todos, o prefeito Márcio Lacerda (PSB) está avançando com sucesso na garantia de um segundo mandato, pois o leque de alianças em torno dele tem aumentado.

A esquerda que se expressa muitas vezes unificada em defesa das greves, nas ocupações, no passe estudantil, no Fora Lacerda, na defesa dos Atingidos pela Copa, dentre várias lutas, tem tomado poucas iniciativas diante do fortalecimento do governo e de sua pretensa reeleição. Por isso perguntamos: é importante a unidade nas eleições de todos que lutam contra este governo? É possível superar as diferenças políticas e construir uma aliança de oposição à esquerda a Lacerda? É de interesse do conjunto dos movimentos sociais e dos partidos de esquerda construir uma alternativa de esquerda e socialista para a prefeitura de BH? Em nossa opinião, sim.

Sejamos justos, houve duas iniciativas nesse sentido. A primeira iniciada pelas Brigadas Populares, que tivemos acordo, mas que infelizmente não houve êxito. A segunda foi conduzida pelos partidos PSTU, PSOL e PCB, ainda no ano de 2011, para a construção da Frente de Esquerda, que se encontra atualmente interrompida pela política do PSOL e do PCB em desconsiderar a participação do PSTU em uma eventual coligação, impedindo assim a constituição de uma Frente. Não haverá uma verdadeira Frente de Esquerda sem o PSTU e os demais movimentos de esquerda existentes na cidade mesmo que estes não estejam representados através de uma legenda partidária legal. Sobre esta política de exclusão queremos dizer que é um equívoco o que os companheiros estão fazendo.

Neste sentido queremos dialogar com o conjunto das lideranças dos movimentos sociais que tem atuado em BH na intenção de sensibilizá-los de que é um grande erro nos dividirmos no processo eleitoral. A nossa fragmentação só beneficiará o atual prefeito Lacerda e também o PMDB que tentará se constituir enquanto única oposição a este governo, uma oposição burguesa que nada acrescenta à luta do povo pobre e trabalhador da cidade. Somente nós, de forma unificada, poderemos apresentar para a cidade uma candidatura de oposição de esquerda, socialista, de luta e alternativa a todas as outras que se apresentarão tentando iludir o povo. Abaixo tecemos as nossas considerações a este respeito.

Primeiramente gostaríamos de dizer que ficamos surpresos com a posição assumida pelo PSOL e PCB de encerramento das conversações com o PSTU em torno à Frente (depois de 3 reuniões) sob a argumentação que o PSTU teria divulgado nota apresentando a candidatura de Vanessa Portugal a prefeita e que a partir disso eles entenderam que o PSTU estaria adotando a política de candidatura própria para as eleições em BH.

Sobre esta argumentação trata-se de um grande equívoco. A nota ao qual os companheiros se referem foi o manifesto divulgado em uma atividade do Fora Lacerda datada de 19 de outubro de 2011 intitulada: “Foral Lacerda, por uma Frente de Esquerda Socialista.” Em tal manifesto tem um parágrafo que diz: “Desde já, colocamos a disposição o nome da companheira Vanessa Portugal, companheira com larga trajetória de luta em BH e em nosso estado, para composição dos nomes a serem debatidos e definidos pela frente.” Vejam bem companheiros, o manifesto é um chamado à Frente de Esquerda e coloca à disposição dos movimentos que integrarem tal Frente o nome de nossa companheira Vanessa para ser apreciado pela frente, de forma alguma impõem o nome da companheira. E tem mais, no parágrafo anterior dizemos: “Para a construção desta frente, o PSTU defende a realização de reuniões e debates entre todos os interessados, que possa culminar em um Encontro dos Movimentos Sociais para definição do programa, alianças e candidaturas da frente.” Nos perguntamos, onde está escrito a definição de uma candidatura própria e a imposição do nome de Vanessa enquanto condicionante para a Frente? Definitivamente os companheiros, que muito respeitamos, não leram este manifesto.

A segunda argumentação nossa é de ordem conjuntural. Como dissemos anteriormente, o prefeito de BH, Márcio Lacerda, está avançando no sentido de uma composição ampla em apoio à sua reeleição. A frente que está se constituindo em torno a ele abarca o PT e o PCdoB, partidos que possuem lastro nos movimentos sociais e que renunciaram a se apresentarem enquanto alternativa à gestão de Lacerda. Nesta mesma aliança está o PSDB, partido de oposição burguesa à presidente Dilma do PT, partido do governador Anastasia e de concepção nitidamente neoliberal. Soma-se a estes, vários partidos burgueses. É uma aliança que tenta sepultar qualquer tentativa de uma oposição viável de se chegar ao governo municipal, bem como para dar sustentação política ao pretenso segundo mandato de Lacerda.

Há um acordo importante entre nós, partidos e movimentos sociais de esquerda, que Márcio Lacerda representa os interesses dos empresários e banqueiros. Pois a sua gestão ataca salários e direitos dos servidores municipais; enfrenta com truculência os movimentos de luta por moradia e as comunidades das regiões que serão atingidas pela Copa; promove a chamada “higienização da cidade”, ou seja, a expulsão dos pobres do centro e dos principais bairros da cidade, jogando-os para as mais longínquas periferias; favorece as grandes empreiteiras, os empresários do transporte coletivo e a especulação imobiliária na cidade. Tudo isso, porque é um governo dos ricos, da mesma forma que Anastasia e Dilma. É esse senhor que pretende se garantir em um segundo mandato a frente da PBH.

Da mesma forma que o caminho para o fortalecimento de cada luta que construímos é a unidade, para as eleições vindouras não faz sentido a nossa fragmentação, a não ser que para algum grupo ou partido os interesses individuais estejam acima dos interesses coletivos.

Por isso, companheiros (as), reiteramos a nossa posição política diante das eleições de 2012: defendemos a construção de uma FRENTE DE ESQUERDA SOCIALISTA, com a presença dos partidos e movimentos sociais de luta desta cidade, nominando: PSTU, PSOL, PCB, PCR, Brigadas Populares, Consulta Popular, MST, MTST, Comitê Mineiro do FSM, IHG, Fora Lacerda, Atingidos pela Copa, personalidades da esquerda, dentre outros que por ventura tenhamos esquecido de mencionar (nos perdoem). Entendemos que tal construção não se confunde com acordo de bastidores entre partidos, por isso propomos ainda, a constituição de fóruns amplos de debate para a construção do programa e a culminância em um plenária ou encontro para a deliberação dos principais pontos da plataforma de governo e dos nomes que irão encabeçar a frente.

Defendemos uma política de financiamento de campanha através da doação dos trabalhadores, de festas e outras iniciativas que excluem a ajuda da burguesia. A burguesia financia os seus candidatos para controla-los, nós, diferentemente, queremos que quem financie e controle a nossa frente seja os trabalhadores e a população pobre da cidade.

Estas são as considerações do PSTU. Queremos registrar que estamos abertos para o diálogo e para o entendimento. Está nas mãos das lideranças de esquerda da cidade a tarefa de dar continuidade à unidade da luta contra o prefeito, sendo que desta vez o palco da luta serão as eleições. Desde já, agradecemos a atenção e nos colocamos à disposição de todos.

Viva a luta dos trabalhadores!
Viva a unidade da classe trabalhadora!
Por uma Frente de Esquerda Socialista!
Por uma Belo Horizonte governada pelos trabalhadores e pelo povo pobre da cidade!

Belo Horizonte, 09 de abril de 2012

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