Defender nas eleições o programa das ruas

Fazer um 2014 de lutas, sonhos e conquistas…

O ano de 2013 entrou para a história do Brasil e de Minas Gerais como um ano de despertar. As impressionantes manifestações que tomaram conta do país durante a Copa das Confederações da FIFA dissiparam como num passe de mágica toda a propaganda oficial e oficiosa plantada pelos governos e pela classe dominante nos últimos anos. Milhares tomaram as ruas em BH e em diversas cidades do estado demonstrando que o Brasil não havia mudado, que tudo não passava de propaganda, que o país até pode estar melhor para os donos de bancos e empreiteiras, mas continua sendo o mesmo para quem trabalha e depende de escolas e hospitais públicos.

As manifestações de junho enfrentaram todos os governos
As manifestações se enfrentaram com Dilma e o PT devido às escolhas que este partido fez. Durante três mandatos presidenciais, o Partido dos Trabalhadores governou para os banqueiros, os empresários e as multinacionais. Seu discurso dizia que agora o Brasil era um país de todos, e que se estava bom para a burguesia, estava bom para os trabalhadores. O problema é que, na prática, o PT reduziu os investimentos nas áreas sociais, congelou a reforma Agrária, expandiu o agronegócio e aplicou uma política econômica ortodoxa e neoliberal que impediu que os mais pobres ampliassem sua participação na renda nacional.

Para governar e aplicar este programa, o PT se aliou a Fernando Collor, José Sarney, Renan Calheiros e outros coronéis da política nacional. Enlameou seu nome e sua bandeira no chamado “escândalo do mensalão” comprando votos para, entre outras coisas, aprovar uma contra-reforma da Previdência que prejudicou milhões de servidores públicos e aposentados. O PT foi criado para ser o partido das lutas, da reforma agrária e da justiça social. Infelizmente faz um governo dos banqueiros, do agronegócio e dos escândalos de corrupção. O povo foi às ruas questionando os gastos exorbitantes com a copa do mundo e pedindo transporte, saúde, educação e direitos sociais “padrão FIFA” e são os governos que lhes negam esses direitos.

O sistema político brasileiro e a grande imprensa construíram durante anos uma falsa polarização política entre o PT e o PSDB. Por isso, ao se depararem com as manifestações de junho, aqueles que nada entenderam trataram de vincular os atos a alguma maquinação da direita. Afinal, se as grandes manifestações se chocam com o governo Dilma, então só pode ser obra deles. Se o PSDB e seus aliados tivessem esse poder teriam dado um grande tiro no pé, pois as manifestações também se chocaram com o PSDB, São Paulo e Minas são bons exemplos disso. Minas Gerais é dirigido pelo PSDB há muitos anos. O governador Anastasia (PSDB), assim como seu fiel escudeiro, o prefeito de BH Márcio Lacerda (PSB), governaram abertamente para as elites durante todo esse tempo. São responsáveis diretos pela calamidade em que se encontram as escolas, hospitais, o transporte público e toda uma lista de direitos sociais que são negados ao povo de Minas Gerais todos os dias. Os gritos de “Fora Lacerda” e “Aécio e Anastasia, tudo a mesma porcaria” estavam entre os mais agitados pelas multidões de junho. O critério para se enfrentar com os governos não foi se estes se diziam de esquerda ou de direita, mas se eram ou não um obstáculo para suas reivindicações. O resultado: se enfrentaram com todos eles!

Unidade na luta para avançar nas conquistas
Em Minas Gerais, assim como na maioria do país, as lutas não pararam. Após os grandes atos tivemos a ocupação da Câmara dos Vereadores de Belo Horizonte e de outras cidades, “trancaços” de estradas espontâneos em comunidades carentes, o nascimento de ocupações como a William Rosa, em Contagem,  Vitória, Esperança e Rosa Leão em BH, que desafiaram os governos e as empresas do CEASA, e grandes construtoras. E ainda tivemos dezenas de atos das ocupações que fizeram que o prefeito e o governador as recebessem e impediram (ainda que provisoriamente) os despejos que estavam planejados, greves operárias e de servidores públicos, manifestações estudantis, e um longo etc. de lutas sociais, muitas das quais vitoriosas. Tudo isso demonstra o apoio e o envolvimento da classe trabalhadora e do povo pobre.

Neste ano, a unidade da esquerda deve ser centralmente para atuar nas lutas marcadas pelo enfrentamento com os governos, com o poder da grande mídia, com a consciência da importância de fortalecer organismos como a Assembleia Popular Horizontal, e as entidades independentes dos governos e da burguesia, como muitos sindicatos, os movimentos de luta pela moradia, os movimentos sociais, a ANEL e a CSP-Conlutas; com o desafio de trazer milhares de jovens, trabalhadores e trabalhadoras, para os movimentos sociais organizados. Não temos qualquer confiança em nenhum governo, e acreditamos que só a luta pode mudar as vidas dos trabalhadores e do povo pobre.

Unir a esquerda para enfrentar o PSDB de Anastasia e o PT de Pimentel
Neste momento, seria importante para quebrar a falsa polarização entre Pimenta da Veiga (candidato do PSDB) e Fernando Pimentel (candidato do PT que articulou a aliança com o PSDB na prefeitura) construir uma Frente de Esquerda entre o PSOL, o PSTU, o PCB, os movimentos sociais, grupos políticos e ativistas que estão nas lutas. Temos todas as condições para questionar o projeto do PSDB que privatiza a CEMIG, fornecendo a energia mais cara do país aos mineiros; o sucateamento das escolas públicas e da saúde; a péssima condição de trabalho dos professores; a nefasta parceria com a Vale e as outras mineradoras que retiram nossa riqueza e deixam para Minas os buracos e a sujeira ambiental; a ausência de políticas públicas de moradia; as PPP’s (Parceria Público Privadas); as reduções de impostos e concessões às empresas de transporte; as altas tarifas; a omissão no combate ao preconceito e às opressões que fazem de tantas mulheres, LGBT´s, negros, negras e trans vítimas diárias de agressão e exclusão; entre tantas outras demandas que o povo pobre e trabalhador conhece de perto.

Já conhecemos o projeto que o PT está aplicando no Brasil e que, por tantos anos, implementou na Prefeitura de Belo Horizonte. O modelo é o mesmo, não é a toa que esses dois partidos fizeram tantos acordos em Minas Gerais, ao ponto de apresentar um candidato único em 2008. É nosso papel denunciar a “democracia dos ricos”, onde os mais pobres são chamados a votar de 2 em 2 anos em candidatos que possuem o mesmo programa e governam para a mesma classe.  E apresentar uma alternativa socialista, sem nenhum comprometimento com os grandes capitalistas e seu sistema.

Em nossa opinião, o melhor caminho para a construção da frente é a realização de debates e reuniões abertas para discussão do programa e do perfil de seus candidatos. O PSTU acha importante que os candidatos da frente se proponham a governar com as ruas, abrindo seus mandatos aos movimentos sociais, que tenham o compromisso de não fazer concessões em nome da “governabilidade”, não recebam nenhum centavo da burguesia e que tenham clareza  que o caminho para as mudanças estruturais que precisamos não está nos trilhos da institucionalidade, mas na força das grandes mobilizações e da classe trabalhadora.

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