Correio Internacional: publicação da Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI)Os burgueses e seus governos dizem que a única alternativa à crise é o sacrifício de milhões de trabalhadores. Esta é “sua saída”, não a nossa. Que paguem pela crise os capitalistas, não os trabalhadores. É possível lutar por uma política econômica cujo eixo seja resolver as urgentes necessidades dos trabalhadores e do povo. O dinheiro para essas medidas deve sair dos bilhões que bancos e empresas estão recebendo dos governos e também dos fabulosos ganhos que os capitalistas obtiveram nos últimos anos.

Por isso, a primeira medida necessária é nacionalizar os bancos. Mas não como estão fazendo os governos. É preciso expropriá-los sem nenhum tipo de indenização para que funcionem como um sistema bancário estatal único, sob controle dos trabalhadores.
O principal problema que está afetando os trabalhadores europeus é o desemprego. Por isso, as medidas e a luta devem indicar a defesa dos postos de trabalho. Contra o desemprego, deve-se exigir dos governos a proibição das demissões. Para que isso não fique no papel, essa medida será garantida pela nacionalização sem indenização das empresas que demitirem. Algo que, ademais, é bem mais barato que enviar bilhões a elas.

Diante da queda da produção (que nos momentos de alta significava superexploração com ritmos de trabalho extenuantes), devemos levantar a bandeira da redução da jornada de trabalho, sem redução de salário. Assim, seria possível aplicar uma semana de trabalho de 36 ou 35 horas semanais. Para os trabalhadores desempregados é imprescindível um seguro-desemprego sob o controle do estado e das empresas, que cubra as necessidades de uma família até que o estado garanta um posto de trabalho digno.

Para acabar com o desemprego também é muito importante exigir dos governos que iniciem de imediato planos de obras públicas para dar trabalho a milhões e que construam hospitais, escolas e universidades públicas, além de moradias populares de qualidade.

É preciso também exigir a diminuição da idade para se aposentar e que cada aposentado seja substituído por um trabalhador com os mesmos direitos garantidos por lei, a rejeição a todas as propostas patronais de reformas trabalhistas de precarização e flexibilização, exigindo a defesa incondicional dos direitos trabalhistas e sociais adquiridos. A imposição de qualquer retrocesso vai custar a ser revertida no futuro. Por último, a crise produz um aumento da pobreza e uma deterioração do poder aquisitivo dos trabalhadores. Por isso, devemos lutar por um aumento geral de salários, aposentadorias e pensões.

Avançar na organização independente
Todas as lutas citadas foram o resultado da pressão e da indignação da base. A principal trava nas mobilizações é o grande apoio aos governos por parte dos aparelhos sindicais que, durante o último período, se apoiaram em setores da aristocracia operária beneficiados pela “prosperidade”.

Assim garantiram seus privilégios burocráticos, enquanto se aliavam com a patronal e os governos para generalizar a precariedade e os baixos salários para a maioria dos trabalhadores (especialmente da juventude), avalizando assim a discriminação e a superexploração dos imigrantes, convertidos em uma parte importante da classe operária europeia.

Nestes anos a classe operária europeia recebeu golpes importantes, mas não sofreu nenhuma derrota histórica. Portanto, tem totais condições de responder aos problemas causados pela crise capitalista. Mas deve-se levar em conta que nos encontramos diante de um enorme atraso na organização das oposições classistas à burocracia sindical e no agrupamento da esquerda revolucionária.

Com o aumento do desemprego e os ataques aos direitos trabalhistas e aos serviços públicos, as bases da burocracia sindical poderão romper com suas direções, pois já não estão sendo atacados apenas os setores mais explorados da classe operária, mas também a aristocracia operária e as camadas médias.

Enquanto essas burocracias controlarem os aparelhos sindicais e dirigirem a maioria dos trabalhadores, é necessária uma política de exigência a suas direções para que rompam seus acordos com os governos e empresas e se ponham à frente de verdadeiros planos de luta nacionais e europeus. Nesse marco, é necessário impulsionar a unidade de todas as organizações operárias com o objetivo de conseguir mobilizações contundentes, que respondam aos ataques dos governos e dos patrões.

Paralelamente, para avançar em uma resposta de luta de acordo com a situação e os ataques, é necessário impulsionar e avançar numa verdadeira organização democrática e de luta dos trabalhadores, que possa se fortalecer como alternativa a essas burocracias e seus aparelhos. Nesse sentido, experiências como a coordenação dos sindicatos alternativos italianos, as organizações independentes de base dos docentes portugueses e a coordenadora da saúde de Madri podem mostrar o caminho.

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