Este 10 de Maio ocorre em um momento importante, no qual os trabalhadores enfrentam duros ataques aos direitos trabalhistas conquistados historicamente. Além disso, é um momento de ruptura, de fim do ciclo histórico da CUT, de reorganização do movimento sindical no País. Mais do que nunca, este deve ser um dia de luta, de resgate de seu significado histórico.

O Dia do Trabalhador surgiu como uma data de luta por direitos trabalhistas. Foi escolhida em homenagem à greve geral de 10 de maio de 1886, em Chicago, nos Estados Unidos. Milhares de trabalhadores foram às ruas para protestar contra as péssimas condições de trabalho e pela redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas diárias.

A repressão policial provocou diversas mortes, prisões e feridos. Hoje, nos EUA, trabalhadores imigrantes revivem a data, chamando um protesto para lutar contra a discriminação racial e por direitos.

Quando a CUT e as centrais pelegas comemoram esta data com discursos favoráveis à reforma sindical e trabalhista, apoiando um governo que retira direitos e desvaloriza os salários, estão pisoteando o significado do 10 de Maio. As entidades pelegas vão montar palanques para os inimigos dos trabalhadores. A CUT para exaltar o governo, e a Força, com bingos e mega-shows, para candidatos da oposição de direita.

Este dia deve ser um resgate daquelas lutas históricas dos trabalhadores e um incentivador para novas lutas.

CUT e governo juntos
A reforma sindical e trabalhista ainda ameaça os trabalhadores. O governo pretendia aprovar a fase sindical da reforma em 2005 e foi barrado pela enorme crise política que tomou conta do governo e do Congresso. No entanto, o governo já prepara a implementação dos ataques aos direitos trabalhistas. Isso será feito às vésperas das eleições e de forma fatiada para que os trabalhadores não se mobilizem.
Esta é a forma como o governo Lula e o Ministério do Trabalho, sob o comando do ex-presidente da CUT, Luiz Marinho, devem comemorar o Dia do Trabalhador. A CUT e as demais centrais pelegas, por sua vez, em sua política de apoio incondicional ao governo, não devem criticar o pacote a ser anunciado. Ao contrário, estão preparando festas governistas milionárias, com grandes shows e sorteios, comemorando o “reajuste” do mínimo e preparando o clima de reeleição de Lula.

A CUT não esconde que suas megafestas do 10 de Maio, assim como todas as suas atividades em 2006, devem estar voltadas à reeleição de Lula. O presidente da CUT, João Felício, afirmou que o centro de suas expectativas para 2006 é “em primeiro lugar, mobilizar para reeleger Lula”. Esse deve ser o caráter dos atos cutistas.

Conlutas chama atos classistas

A Conlutas está convocando, com outros setores e entidades, manifestações alternativas e classistas nas principais capitais. Enquanto a CUT e a Força Sindical gastam milhões para fazerem atos despolitizados e governistas, a Conlutas pretende fazer um 10 de Maio de luta.

É tarefa desses atos a luta contra a reforma sindical e trabalhista que ameaça retirar direitos históricos da classe trabalhadora, assim como outras bandeiras e campanhas, como a anulação da reforma da Previdência, pela reforma agrária e em defesa de emprego.

Sem patrocínio de patrões e do governo, os atos de 10 de Maio classistas chamados pela Conlutas servirão também à construção do Conat (Congresso Nacional dos Trabalhadores), que ocorrerá poucos dias depois, no dia 5 de maio. O Conat poderá ser um marco histórico no movimento sindical brasileiro, pois pretende transformar a Conlutas numa entidade que seja uma alternativa de direção para os trabalhadores, baseada numa estrutura e num programa muito diferente da CUT.
A relação do 10 de Maio com as lutas e greves das diversas categorias, assim como com a luta contra as reformas neoliberais do governo, é inevitável, tendo em vista que esta alternativa deve surgir das lutas da classe trabalhadora. A Conlutas, enquanto coordenação, já surgiu em 2004 a partir da necessidade concreta de lutar contra as reformas.

O caráter classista e de luta dos protestos de 10 de Maio é também o mesmo perfil desta alternativa que está sendo construída. Participar dos protestos classistas de 10 de Maio convocados pela Conlutas é também fazer parte desse processo de reorganização que está ocorrendo no País e crescendo a cada dia.

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