Leitores deste jornal e piqueteiros das greves que estão ocorrendo no país, como a dos bancários, professores, trabalhadores do Judiciário, já devem ter sido convidados a entrar no PSTU. É natural, portanto, que se perguntem por que é necessário militar em um partido revolucionário?

Quando um jovem ou trabalhador resolve partir pra luta, seja numa greve ou numa manifestação pelo passe-livre ou contra a reforma Universitária, ele já começa a avançar em sua consciência política. A própria luta o impele a participar nas reuniões e assembléias do sindicato, do grêmio ou do centro acadêmico. Se a direção da entidade está contra a luta, o ativista logo vê a necessidade de se organizar numa oposição sindical ou estudantil. No entanto, quando a questão é se organizar num partido, aí surgem grandes dúvidas: não é suficiente apenas organizar-se no sindicato ou na oposição sindical? Os partidos não são apenas máquinas eleitorais para eleger parlamentares? A traição e degeneração dos Partidos Comunistas, e agora do PT, não demonstram que todos os partidos são iguais e não levam a nada?

Da resposta a essas questões depende a construção de uma nova direção revolucionária para as lutas que crescem no país.

Não basta se organizar apenas no sindicato

A organização sindical é muito importante: a participação nos comandos e nos piquetes de greve, a organização das oposições às diretorias pelegas etc. Porém, a organização sindical não é suficiente para defender nossos interesses e conquistar nossas reivindicações.

Tomemos como exemplo um ativista dos bancários: na greve ele aprende que não basta lutar apenas contra seu patrão banqueiro, porque do lado do banqueiro estão todos os outros capitalistas, o FMI e o governo Lula. No mesmo lado estão as leis que impõem o arrocho salarial, a terceirização e o desemprego. E também a polícia e a “Justiça” burguesas, com seus cassetetes e “interditos proibitórios”. O ativista conclui, então, que a conquista de um bom salário e de uma vida digna não serão alcançados sem lutar contra todos esses inimigos coligados, e depende da transformação política da sociedade, o que não é possível apenas com a luta sindical. Conclui que a luta e a organização sindical são apenas o primeiro passo da conscientização política e que é preciso avançar.

Uma máquina de luta e não eleitoral

É desta realidade da luta de classes que surge a necessidade de militar num partido político revolucionário, que tenha como objetivo organizar todos os setores dos trabalhadores e da juventude para a luta contra a exploração e a opressão capitalistas. Um partido que seja uma ferramenta para a luta de classes e para a revolução, e não uma máquina eleitoral como o PT.

A democracia burguesa é um jogo de cartas marcadas. Aqueles que propõem o fim da exploração capitalista jamais poderão conquistar o poder dentro desse regime, por mais que elejam parlamentares. Mesmo quando se conquista algum cargo, as leis foram feitas para defender a propriedade privada dos capitalistas.

Para mudar tudo isso é necessários a luta direta da classe trabalhadora. O partido
revolucionário é necessário para a condução dessas lutas até a revolução, para a conquista do poder para os trabalhadores e todos os oprimidos. Qualquer cargo conquistado em eleição deve ser colocado a serviço desta luta revolucionária.

O PSTU não vai tornar-se um novo PT?

O PSTU vem se fortalecendo como uma ferramenta para a construção do partido revolucionário no Brasil.

Mas, muitos companheiros, na medida em que viram que o PT, quando ficou grande, afastou-se totalmente do socialismo, perguntam, com uma preocupação justa, se não é inevitável que isso ocorra também com o PSTU.

Nenhum partido está imune às pressões da democracia burguesa. O PSTU se constrói
com base em princípios e com um programa totalmente diferente do PT, dando um combate permanente contra o oportunismo e o carreirismo.

Primeiro, temos um programa socialista, ao contrário do PT, que nunca colocou a tarefa da revolução, a necessidade de destruir o capitalismo e substituir a democracia burguesa pela democracia proletária.

Segundo, os militantes do PSTU não fazem carreira nem buscam benefícios pessoais. Os que têm algum cargo, seja em sindicatos ou parlamentos, não ganham nada mais do que o seu salário de trabalhador. Todo o dinheiro que recebem a mais é destinado ao partido para intervir nas lutas.

Terceiro, existe no PSTU o centralismo democrático, uma grande democracia interna e uma unidade total na ação. Os sindicalistas e os parlamentares colocam seus mandatos a serviço do partido, e têm o compromisso de acatar suas decisões. São controlados pela militância e não se sobrepõem a ela, como acontece no PT.

Por fim, não nos aliamos a partidos burgueses, nem aceitamos nenhuma “colaboração” de nossos inimigos de classe.

Ao contrário do PSTU, o partido fundado por Heloísa Helena, o P-SOL, ao não se construir com base nesses princípios e programa revolucionários, torna-se cada vez mais parecido com o que tem de pior no PT: o eleitoralismo, o mandonismo dos parlamentares e o apoio a políticos burgueses.

Post author Denior Machado e William Felippe, da Secretaria Nacional de Formação e Propaganda
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