Nós estivemos juntos em muitas lutas desde 1983 e fundamentalmente na greve de 1995; estivemos juntos construindo a FUP e agora uma nova alternativa, a FNP; estivemos na luta em defesa do Plano Petros BD e agora em defesa da Campanha Reivindicatória.

Sabemos que muitos dos que votaram em Holoísa Helena no primeiro turno, ou em Lula, com muitas criticas, pensam em votar em Lula neste segundo turno. Por isso, com todo o respeito que temos por cada companheiro e por esta posição, respeito construído em anos luta conjunta, gostaríamos de discordar e debater esta opinião.

O petroleiro sabe muito bem que a propaganda da conquista da “auto-suficiência” no governo Lula é fraude eleitoral, pois este projeto já vem sendo desenvolvido há décadas por nós trabalhadores da Petrobrás e terceirizados.

Devem estar impressionados, como nós, com o grande teatro de Alckmin e Lula, que assumem compromissos de não privatização. O primeiro, querendo assinar compromissos que já foram assinados no passado pelo PSDB e por FHC e o segundo promovendo abraços no Edise, Banco do
Brasil e CEF.

O PSDB de FHC e Alckmin privatizaram a Vale do Rio Doce, as Teles e o Banespa em fraudulentos e corruptos leilões, onde o patrimônio nacional foi entregue ao capital internacional.

Lula segue aplicando e aprofundando a política de privatização não apenas da Petrobrás, mas do setor petróleo de conjunto, desenvolvida por FHC, que colocou o setor a serviço do capital privado, principalmente o internacional. FHC reestruturou o setor petróleo a partir da quebra do monopólio e o estabelecimento dos leilões. Lula segue realizando os leilões. Pior – agora, a ANP, dirigida por Haroldo Lima (PCdoB), quer limitar as áreas que a Petrobrás pode arrematar. As empresas
multinacionais só exploram seus campos com a ajuda técnica da Petrobrás e com os dados geológicos coletados por ela.

A Petrobrás hoje serve fundamentalmente para dar rendimento ao acionista (cerca de 70% das ações sociais estão nas mãos do capital privado, destas 40% nas mãos de acionistas estrangeiros, apenas 55% das ações da Petrobrás com direito a voto estão com a União). São estes acionistas que exigem o fim do Petros BD, assim como Alckmin quis acabar com a previdência complementar da Caixa Econômica Estadual.

A terceirização cresceu enormemente no governo Lula. Eram 126 mil terceirizados em 2003 e em 2005 já eram 153 mil. Os concursos públicos que estão ocorrendo desde 2000, seguem por que há necessidades geradas com o crescimento que da Petrobrás, mas as terceirizações crescem em ritmo muito maior.

A dicotomia Lula e Alckimin é falsa, pois os dois representam o mesmo projeto para o setor petróleo no Brasil, nenhum colocará a produção a serviço da população. Para se ter uma idéia, o preço do litro da gasolina na Venezuela é R$ 0,11 e aqui no Brasil a média é R$ 2,54.

Em termos da política econômica nacional, foi Lula quem deu novo fôlego ao modelo econômico neoliberal construído a partir de Collor, aprofundado por FHC, com seus superávits fiscais primários (aumentados de 3,75% do PIB, durante o segundo governo
FHC, para 4,25%, transferindo R$ 303,6 bilhões aos banqueiros), metas de inflação e câmbio flexível determinado pelo “livre mercado“. O Governo Lula propiciou aos banqueiros, com a política de taxas de juros elevadas, do início de 2003 até hoje R$ 493 bilhões de juros da dívida pública e deve ultrapassar, até o final de 2006, os R$ 511 bilhões propiciados pelo segundo Governo FHC. No governo Lula o setor financeiro teve lucros fabulosos, a dívida líquida total do setor público de R$ 881 bilhões, no final do 2º Governo FHC, foi para mais de R$ 1 trilhão até julho deste ano.

No governo Lula o Brasil cresceu abaixo da taxa média de crescimento dos países da América Latina e do Caribe: 2,3% contra 4,5% em 2005 (um crescimento acima apenas do Haiti).

Nós, trabalhadores da Petrobrás, sabemos que a maioria dos empregos criados no governo Lula são precários e terceirizados, como na Petrobrás. A maioria deles, 64%, com rendimentos de até um salário mínimo e percentual com rendimento acima de três salários mínimos.

Foi o governo Lula que enviou tropas brasileiras ao Haiti, para fazer o papel de policia dos Estados Unidos, após um golpe de Estado. E agora pretende manter a Petrobrás tirando a principal riqueza natural do povo boliviano, o gás; reprimindo os trabalhadores na Argentina, em Bahía Blanca; explorando os trabalhadores da Colômbia e do Equador.

Foi ele que fez a reforma
da previdência dos trabalhadores do setor público (tentada, mas não conseguida, pelos governos de FHC), aprovando o pagamento de contribuição para as pessoas já aposentadas e abrindo espaço para o capital financeiro ganhar com a criação dos fundos de pensão complementares.

Lula alterou a constituição, para facilitar a aprovação futura do Banco Central independente – independente da Nação e estreitamente dependente do capital financeiro.

Lula aprovou a lei das PPPs (Parcerias Público-Privadas), com o intuito de privatizar a infra-estrutura futura do país na área de transporte, energia, etc. Criou o PROUNI, para garantir o capital já investido pelos empresários do ensino privado de péssima
qualidade, transferindo-lhes dinheiro público, em vez de ampliar as vagas nas universidades públicas.

O governo Lula, apesar de toda expectativa dos sem terra, não cumpriu as metas, já baixas, da reforma agrária. Aprovou o uso de transgênicos na agricultura brasileira.

E por trás do sucesso do Bolsa Família (de no máximo R$ 95,00, enquanto o bujão de gás é R$ 35,00) está a mesma política social do Governo FHC, com base em programas de transferência de renda bem ao gosto do Banco Mundial que, isoladamente, não tiram ninguém da pobreza, impedem a redução significativa da desigualdade social, perpetuando a dependência dos beneficiados e se constituindo em
um instrumento assistencialista de manipulação política. O que seria absolutamente diferente se houvesse um aumento substancial do salário mínimo e a garantia de emprego. O Brasil possui 50 milhões de pessoas que sobrevivem com até um salário mínimo, 70 milhões de pessoas estão na informalidade e 40 milhões de pessoas (11 milhões de famílias) recebem a esmola do Bolsa Família.

O governo Lula criou o crédito consignado, que está endividando os trabalhadores, principalmente aposentados, pensionistas e funcionários públicos, através de débito automático nas folhas de pagamento das empresas e do governo – com taxas de juros de 40% ao ano e inflação de menos de 4% ao ano

Por tudo isso no Brasil os 10% mais ricos são donos de mais de 45% do total da renda nacional, enquanto os 50% mais pobres (90 milhões de pessoas) ficam com menos de 14% do total da renda nacional.

Com esta política para ser reeleito está se apoiando numa aliança político-eleitoral que inclui personagens como Sarney, Renan Calheiros, Jader Barbalho, Maluf, Collor e outros.

No governo Lula, as reivindicações dos petroleiros não foram atendidas. A discriminação aos novos, aposentados, trabalhadores oriundos da Interbras, Petromisa, Braspetro, Petroquisa, Refap, Transpetro segue e, em alguns casos, aprofunda-se. As
perdas salariais não foram recuperadas e a direção da empresa segue perseguindo ativistas e punindo quem luta pelas bandeiras dos trabalhadores enquanto a FUP prioriza a reeleição de Lula e abandona a luta pelos direitos dos trabalhadores.

Por fim, companheiros, se Lula for reeleito, irá tentar aprovar uma reforma sindical e trabalhista que flexibilizará e precarizará mais ainda os direitos da classe trabalhadora, além de centralizar as Centrais Sindicais e esvaziar o poder dos sindicatos de base, transformando-os em subordinados do governo de Frente Popular. Nós petroleiros vimos como isso foi feito, com a cooptação – política, ideológica e material – das lideranças sindicais que ocupam os papeis de Gerentes, supervisores e diretores da empresa, e mantém uma promíscua relação com os dirigentes da FUP e
dos sindicatos filiados, que hoje são correia de transmissão do governo no seio do movimento dos trabalhadores e se enfrentam vergonhosamente com o movimento sindical independente e autônomo.

Nos sentimos na obrigação de realizar este diálogo porque somos companheiro de luta, e pedimos que pensem nestas idéias. Esperamos que cheguemos à conclusão de que o melhor neste segundo turno é VOTAR NULO.

VAMOS DIZER NÃO AO NEOLIBERALISMO

NÃO À PRIVATIZAÇÃO DA PETROBRÁS E AO AUMENTO DA TERCEIRIZAÇÃO

VAMOS VOTAR PELA INDEPENDÊNCIA POLÍTICA DOS SINDICATOS.

NEM LULA NEM ALCKMIN – VAMOS VOTAR NULO!