Obama é parte do Partido Democrata, portanto, do sistema político bipartidário. Vamos analisar por que a burguesia dos EUA, ou pelo menos setores muito importantes dela, escolhem Obama.

A explicação de verdade são as várias crises enfrentadas pelo imperialismo norte-americano. Em primeiro lugar, o fracasso da política da “guerra contra o terror” de Bush se expressa no curso desfavorável das guerras no Iraque e Afeganistão, e no enfraquecimento de Israel após sua derrota no Líbano e sua impossibilidade de derrotar os palestinos na Faixa de Gaza. Na região do Oriente Médio, os EUA estão num pântano do qual não podem sair sem admitir uma derrota. Algo que causará grandes custos para sua tarefa de “polícia mundial”. Por outro lado, não podem aumentar sua presença militar sem agravar ainda mais a sua situação.

Soma-se ainda uma combinação extremadamente perigosa para a burguesia: a recessão que já afeta os EUA e as perspectivas de uma profunda crise econômica. Quer dizer, essa burguesia deverá jogar parte do custo da crise sobre as costas dos trabalhadores, através de desemprego e rebaixamento salarial. Algo que já ocorre na gigante General Motors, que ameaça demitir todos trabalhadores que não aceitam rebaixar seus salários. A classe operária norte-americana é um gigante de 120 milhões. Porém, poucas vezes em sua história ela saiu para lutar de conjunto. Mas, quando lutou, estremeceu as bases do imperialismo. A luta dos trabalhadores imigrantes, o setor mais explorado dos trabalhadores do país, pode ser uma antecipação dessas lutas.

Ao mesmo tempo, o fracasso da “era americana” de George W. Bush deixou o Partido Republicano extremamente desgastado e desprestigiado, sem “peças de reposição”. Além de desgastar o regime político do país. É muito difícil que os republicanos possam enfrentar uma situação tão complexa e difícil para a qual, em muitos aspectos, eles contribuíram com suas políticas.

A maioria da burguesia norte-americana concluiu pela necessidade de apostar na “alternativa democrata”. Inicialmente, a aposta preferida foi a “mulher forte”, Hillary Clinton. Mas, diante do agravamento da situação, perceberam a necessidade de uma mudança mais profunda, de um novo rosto para o imperialismo. Dessa forma, aumentaram as chances de Obama como a figura mais capaz de defender seus interesses.

Um inimigo ainda mais perigoso
Setores importantes da burguesia imperialista defendem a utilização de alguém que, por certas características importantes (jovem, negro, filho de muçulmano), pode ser “vendido” como parte de setores oprimidos. E, dessa forma, pode tentar adormecer qualquer tentativa de reação.

Nas últimas décadas, o imperialismo se notabilizou por apresentar “caras novas” nas eleições presidenciais. Por exemplo, o “jovem modelo” John Kennedy, logo após o fim do macartismo, ou Bill Clinton, antigo opositor da Guerra do Vietnã.

Alguns jornalistas traçam uma comparação entre Obama e o democrata Jimmy Carter, eleito presidente em 1977, após a derrota no Vietnã e os escândalos políticos que derrubaram o ex-presidente Richard Nixon. Mesmo que existam profundas diferenças entre ambos, existe um claro ponto em comum: a necessidade de enfrentar uma profunda crise do imperialismo e de seu sistema político. Por isso, é necessário alguém que pareça ser diferente. Durante sua campanha eleitoral, Carter, por exemplo, diziam em seus discursos: “Não sou advogado, não sou de Washington”.

Tais “diferenças”, porém, se limitam a questões formais: todos defenderam até a morte os interesses do imperialismo norte-americano. Por isso, caso vença as eleições, Obama será o principal inimigo dos povos do mundo e dos trabalhadores dos EUA. Nessa questão, nada mudará com relação a Bush. Mas Obama será um inimigo muito mais perigoso porque tentará se disfarçar através de sua imagem nova e diferente. Se Obama vencer a corrida presidencial nos EUA, os trabalhadores os povos do mundo devem combatê-lo com todas as suas forças.

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