O governo Lula acaba de anunciar a taxação da entrada do capital estrangeiro no país. A medida foi divulgada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. O imposto, concretizado através de decreto publicado no dia 20, vai instituir 2% de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre o capital externo que for investido na Bolsa ou em títulos da dívida pública.

Segundo o ministro, a medida visa prevenir “um excesso de especulação na Bolsa”, além de “proteger a produção nacional” e “preservar o emprego dos trabalhadores”, contendo a valorização excessiva do real frente ao dólar.

Nos últimos meses o Brasil virou rota preferencial do capital financeiro internacional que, ao inundar o país com dólares, valoriza cada vez mais a moeda local. Só este ano, o real se valorizou 36% em relação ao dólar.

A valorização excessiva da moeda local provocada pela entrada de dólares, no entanto, traz efeitos colaterais. A moeda sobrevalorizada encarece as exportações e prejudica os negócios dos setores que mais cresceram durante o governo Lula.
Isso significa menos lucros para o agronegócio de exportação e a venda de matérias-primas para fora, como minério de ferro, por exemplo. São estes setores que o governo tenta proteger com a medida, e não os “empregos e a produção nacional”, como disseram.

A taxação de 2% do capital estrangeiro, além disso, é ínfima perto dos altos lucros que os especuladores têm no Brasil. “O que são 2% para quem visa potencial de valorização de 100%?”, perguntou o professor do Insper Marcelo Guterman, no jornal Brasil Econômico.

A razão disso está na absurda taxa de juros praticada pelo país, de 8,75%, uma das maiores do mundo. Em nenhum outro lugar do mundo o capital estrangeiro pode se beneficiar de tamanho privilégio. O especulador pode investir em títulos da dívida e ver seu dinheiro crescer quase 9% ao ano sem se mexer, com risco praticamente zero.
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