Este suplemento é parte do Opinião Socialista N° 275. Pretendemos com ele apresentar nossas idéias sobre a necessidade de um partido revolucionário e sua forma de funcionamento e também contribuir nos debates que ocorrem no interior da Frente de Esquerda.

Os trabalhadores e a juventude
estão cansados de promessas eleitorais que não são cumpridas. A vida está cada vez pior, enquanto banqueiros, empresários e latifundiários têm cada vez mais lucros.
Com a chegada ao poder de Lula e do PT em 2002, havia imensas expectativas de que tudo seria diferente. Chegamos ao final do governo e o resultado foi uma enorme decepção. Hoje, apesar de a maioria ainda votar em Lula por medo da volta da direita, imperam a desconfiança e o ceticismo em relação a tudo que tem a ver com políticos e partidos. Muitos trabalhadores que são lutadores honestos perguntam se é correto ou não construir um partido.

O PSTU acha essa desconfiança justa e muito positiva, mas é preciso discutir que nem todos os partidos são iguais. Ao contrário, ter um partido para lutar é uma necessidade da nossa classe.

Os patrões têm seus partidos e os utilizam para controlar o Estado e seus aparelhos, para dominar, garantir seus lucros e propriedades e exercer seu poder.
Os trabalhadores precisam se organizar num partido com uma estratégia revolucionária de tomar o poder para os trabalhadores, de ser o instrumento de sua emancipação como classe. Ou seja, um partido com estratégia oposta à perspectiva eleitoral adotada pelo PT durante duas décadas.

Um partido para a revolução socialista
Os revolucionários encaram a construção do partido a partir do entendimento da atualidade da revolução socialista e da necessidade de construir uma direção à altura dessa tarefa.

O PSTU neste momento apresenta-se no processo eleitoral com a Frente de Esquerda, o apoio a Heloísa Helena e a apresentação de candidaturas de luta com um programa de ruptura com o imperialismo e contra as reformas que tiram direitos dos trabalhadores. Usamos as eleições burguesas, enquanto as massas ainda acreditarem nelas, para divulgar nosso programa, denunciar os patrões e seus candidatos, hoje representados por Alckmin e também por Lula.

Para nós o parlamento burguês pode ser usado como ponto de apoio secundário para as lutas diretas. Buscamos eleger parlamentares revolucionários que o utilizarão como uma tribuna de denúncias políticas, que dê visibilidade e apóie as lutas dos trabalhadores.

Para o PSTU, a disputa eleitoral não vai resolver os problemas estratégicos de nossa classe. A luta pelo poder se dá em outro patamar, com a ação direta das massas e a organização independente da classe em seus organismos para tomar o poder político da burguesia. Para isso, é necessária uma direção política revolucionária consciente, o partido.

A necessidade histórica do partido revolucionário demonstra-se quando as massas já não querem mais viver como antes. A recente onda revolucionária na América Latina comprova que esse tipo de partido é mais atual do que nunca. Tivemos grandes lutas e mesmo insurreições, como na Bolívia e na Argentina, mas os trabalhadores não tomaram o poder. Isso foi assim pela ausência de um partido revolucionário de massas.

O partido revolucionário é, em primeiro lugar, seu programa, seu método, suas idéias, sua moral e suas tradições; e, só depois, uma organização.

Os limites da luta sindical
Uma falsa idéia predomina no interior da classe trabalhadora: sindicato é para lutar e partido é para concorrer às eleições. Essa concepção foi alimentada e reforçada pela estratégia eleitoral adotada durante anos pelo PT.
Muitos trabalhadores enxergam apenas na organização sindical a possibilidade de lutar. Para o PSTU, todo revolucionário deve impulsionar e participar das lutas cotidianas de nossa classe, grandes ou pequenas. Por isso construímos e participamos das organizações sindicais da classe trabalhadora e da juventude. Mas não deixamos de afirmar que a luta sindical, encarada como um fim em si mesmo, tem limites profundos.

No interior dos sindicatos existe uma luta diretamente política. Por exemplo, hoje a CUT apóia o governo Lula e boicota todas as lutas que possam enfrentar o governo e os patrões, como faziam os velhos pelegos. O PT apóia naturalmente a CUT. Os ativistas que rompem com o governo e com a CUT fundaram a Conlutas, apoiada pelo PSTU.

Portanto, existe nos sindicatos uma luta política que interessa diretamente a todos os trabalhadores. E eles não podem ser neutros, como no caso da campanha contra as reformas da Previdência e trabalhista do governo Lula. Neutralidade na luta de classes significa ficar ao lado dos que dominam e exploram os trabalhadores.

Os sindicatos também não podem deixar a luta pelo socialismo, ou acabarão se burocratizando e caindo nas garras do Estado burguês, como ocorreu com a CUT.

O PSTU é uma ferramenta política para intervir nas lutas, levando propostas aos sindicatos. Estes, por sua vez, não podem ser um apêndice do partido. Devem ser autônomos em relação à organização dos partidos e independentes do Estado.

As greves e as lutas sindicais e populares por melhores condições de vida, ao unir os trabalhadores, ensinam a eles como lutar contra os capitalistas e reconhecê-los como inimigos de classe. Mas os sindicatos são insuficientes para realizar a tarefa mais importante para os trabalhadores: a luta pelo poder político como classe.
Não existe forma de melhorar qualitativamente a vida de nossa classe sem o fim da propriedade privada. Permanecendo nos limites do capital, a luta econômica é reformista, mas sem reformas.

Nosso objetivo é convencer os trabalhadores da importância da luta política, entendida não como luta eleitoral, mas como luta dos trabalhadores pelo poder. Todo revolucionário deve atuar nos sindicatos, mas sempre com a estratégia da revolução socialista.

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