Com o governo Lula, a grande esperança no PT se transformou em ceticismo em relação a todos os partidos. Muitos ativistas rejeitam os partidos, com medo de serem manipulados e traídos.

Eles têm razão em sua desconfiança. A ruptura com o PT tem um caráter progressivo. Mas, para mudar o que está aí é preciso construir um partido diferente. O ceticismo não constrói nada. Os que dizem “não me meto em política” ajudam sem saber os políticos burgueses e reformistas, que se manterão no poder eternamente: fingem-se de oposição, fazem promessas eleitorais, e depois implementam os planos de sempre.

A burguesia controla a economia e as TVs, podendo manipular as eleições. Ou ainda atrair, com as vantagens dos cargos do Estado, os partidos de esquerda reformistas, como o PT. Por isso, nas eleições, a burguesia ganha sempre. Os trabalhadores não vão conseguir emprego, salários, moradia, nem reforma agrária através do voto.

Podemos e devemos participar das eleições enquanto os trabalhadores acreditarem nelas. Mas sempre como um ponto de apoio secundário para as lutas diretas dos trabalhadores. A “outra coisa” pela qual lutamos é a revolução socialista.

As lutas sindicais são importantes, mas não bastam. Conquistamos reajustes salariais, mas eles são devorados pela inflação pouco depois. Para mudar realmente a vida, é preciso lutar pelo poder, fazer uma revolução socialista.

Sem organização, não conquistamos nada
Uma parte dos ativistas quer lutar, mudar o mundo, concorda com a necessidade de uma revolução, mas recusa os partidos, e vê toda organização como uma burocracia.
Para qualquer ação coletiva é necessária uma organização. Se um time de futebol vai enfrentar outro, e não se organiza, tem grandes chances de ser derrotado. Se em uma greve não organizamos os piquetes, estabelecemos o contato com trabalhadores de outras empresas etc, será muito mais difícil que essa luta seja vitoriosa.

Se nosso objetivo é uma revolução, precisaremos de uma organização centralizada. Não existe nenhum exemplo na história de uma revolução vitoriosa, que não tenha sido dirigida por uma organização centralizada.

As massas podem realizar ações heróicas, mas, sem partido revolucionário, não fazem revolução. Na América Latina, recentemente, ocorreram várias insurreições. Os trabalhadores derrubaram governos, mas não conseguiram fazer a revolução porque foram traídos por direções reformistas. Sem um partido revolucionário de massas as revoluções serão derrotadas, a exemplo do que aconteceu com dezenas de levantes populares no passado.

O funcionamento burocrático da social-democracia e do stalinismo
Uma parte do desencanto com o PT vem de seu funcionamento burocrático, semelhante ao da social-democracia e dos partidos burgueses. Tem tendências permanentes, com posições públicas diferentes, o que dá a ilusão de democracia. Mas a posição do partido é a expressa pelos parlamentares, que têm acesso à mídia e não são controlados por ninguém. Nem pelas bases, que não decidem nada. Por isso, no governo, é diretamente Lula quem decide a política aplicada.

O stalinismo também tem um funcionamento burocrático. Em partidos stalinistas, como o PCdoB, as tendências com posições diferentes da maioria da direção são expulsas imediatamente. Assim, a direção burocrática tem o controle dos congressos e pode perpetuar sua política. Hoje, por exemplo, deve haver uma enorme insatisfação nas bases do PCdoB, por seu apoio ao governo, mas isso não se expressa em um livre debate interno.

O PSTU é diferente
O PSTU não vive para as eleições. A nossa atuação prioritária é nas lutas diretas dos trabalhadores e jovens. Nas greves e mobilizações de rua são encontradas as bandeiras vermelhas do partido.

A participação nas eleições é tática. Não é prioridade e só ocorre porque as massas acreditam nelas. Como nas eleições deste ano, em que defendemos a formação de uma frente classista e socialista. Participamos para divulgar as mobilizações e difundir nosso programa. Não sacrificamos esses objetivos pelo vale-tudo em troca dos votos. Não aceitamos as contribuições financeiras de setores da burguesia.
O PSTU tem um funcionamento democrático, baseado no chamado centralismo-democrático. As bases decidem a política do partido, através de congressos regulares. Na preparação dos congressos, as tendências com posições diferentes têm os mesmos direitos da maioria da direção, e são realizados amplos debates. Depois da discussão, o congresso vota, as tendências se desfazem, e todos aplicam a política votada pela maioria.

O PSTU não se julga dono da verdade. Cometemos erros, e não poderia ser diferente. Tampouco julgamos que somos os únicos revolucionários. Existem muitos revolucionários neste país, e apenas uma parte deles está organizada em nosso partido. É muito importante unificar os revolucionários em torno de um programa para a revolução.

Nosso partido não é uma casa pronta, mas um processo em construção. Por isso, você, ativista e lutador, venha construir um partido diferente.

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