Pesquisa foi feita antes do depoimento de Duda MendonçaPesquisa de opinião realizada pelo Instituto Datafolha no dia 10 de agosto, quarta-feira, apontou uma sensível queda na popularidade de Lula, antes do bombástico depoimento do publicitário Duda Mendonça. A avaliação “bom e ótimo” do governo caiu 4% desde a última pesquisa, realizada em dia 21 de julho.

De acordo com o Datafolha, 31% dos pesquisados consideram o governo Lula satisfatório, contra 35% da pesquisa anterior. A avaliação “ruim/péssimo” subiu 3%, indo de 23% para 26%. No entanto, o resultado mais expressivo se deve à percepção da corrupção que toma conta de Brasília. Para 83% existe corrupção no governo Lula, 5% a mais que na pesquisa de julho e 32% superior à de março.

Antes mesmo do aprofundamento da crise política nessa quinta-feira, 29% dos entrevistados defendiam o impeachment de Lula. Considerando que a margem de erro da pesquisa é de 2%, esse índice está tecnicamente empatado com a avaliação do governo em “bom e ótimo”. Ao mesmo tempo, cerca de 29% dos entrevistados consideram que o Lula tem “muita responsabilidade” no escândalo de corrupção. Para outros 49%, Lula tem “pouca responsabilidade”. Ou seja, para 78% Lula tem envolvimento direto no escândalo.

Direita não ganha apoio com crise
A imprensa burguesa destacou o fato de que, na pesquisa de intenção de voto, Lula perderia um hipotético segundo turno para Serra caso as eleições fossem hoje. De acordo com o Datafolha, Lula teria 39% dos votos contra 48% de Serra. Em todas as outras simulações, Lula perde intenções de voto mas continua a frente dos possíveis candidatos do PSDB.

No entanto, o que mais surpreende são as pesquisas de intenção de voto no primeiro turno. Em todas as simulações de eleição com Lula enfrentando Serra, Alckmin e FHC, o presidente perde considerável apoio, porém os candidatos tucanos não capitalizam isso a seu favor. Por exemplo, num primeiro turno entre Lula e Serra, o candidato petista teria 30% dos votos, 4% a menos que na pesquisa de julho, cerca de 11% menos que em dezembro do ano passado. Já Serra ficaria com 27%, apenas 1% a mais que em julho e 1% a menos que no final de 2004.

O mesmo fenômeno ocorre com Alckmin e FHC. O primeiro sobe 1% em relação à pesquisa anterior, o mesmo que o ex-presidente. O resultado fica abaixo da margem de erro, mostrando que não houve um crescimento na intenção de voto desses políticos.

A pesquisa demonstra que a direita não capitaliza o resultado da crise política do governo Lula. Apesar de romper com o governo a medida que as revelações de corrupção no Planalto surgem, a população tem fresca a memória dos anos de Collor e FHC, percebendo que Lula não difere desses governos.

Isso reforça a importância da construção de um pólo alternativo dos trabalhadores nesta crise. É necessário construir uma alternativa a partir das lutas, que não aponte a via eleitoral como a solução para os problemas do povo e rompa com a política econômica de Lula e do FMI.