Desgaste atinge também Alckmin (PSDB) e Haddad (PT) em São Paulo, e Cabral e Paes (PMDB) no Rio

Apesar de contar com várias pautas, os protestos de massas que há três semanas vem tomando conta do país tem um alvo certo: os governos, seja municipal, estadual ou o Federal. A população que está nas ruas sabe que eles são os culpados pela situação de calamidade em que se encontram os serviços públicos. Não tem saúde e educação e alguém é responsável por isso. Pesquisa divulgada nesse dia 29 de junho pelo Datafolha, o instituto da Folha de S. Paulo, revela que o índice de popularidade da presidente Dilma Roussef despencou 27 pontos só nesses dias.

A percentagem dos que consideram o governo "bom" ou "ótimo" desabou de 57% para 30%. De março ao início de junho, a popularidade de Dilma já tinha sofrido uma queda de 8%, reflexo da inflação nos alimentos e das perspectivas cada vez mais sombrias sobre o futuro da economia. As três semanas de manifestações multitudinárias, no entanto, provocaram a queda mais brusca desde o governo Collor e o confisco das poupanças. O atual índice de aprovação, afirma o jornal, é comparável ao de Lula durante o período do escândalo do mensalão, quando o então presidente contava com 28% de popularidade.

Os que consideram o governo Dilma "ruim" ou "péssimo" passou de 9% para 25%. Segundo o Datafolha, a queda se refletiu em todas as regiões, estratos sociais e escolaridade. Também houve um crescimento dos que acham que a economia vai piorar, com o aumento da inflação e do desemprego.

Desgaste atinge todos os partidos
O desgaste político provocado pelas manifestações, porém, não se limita ao governo do PT. Em São Paulo, estado em que as mobilizações deram um salto ao enfrentar a dura repressão da Polícia Militar, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) viu sua popularidade cair 14 pontos. De 52% de aprovação, o tucano tem hoje 38%. Os que consideram seu governo ruim ou péssimo passou de 15% para 20%.

Desgaste parecido foi compartilhado pelo prefeito Fernando Haddad (PT), que anunciou o aumento da tarifa do transporte público ao lado de Alckmin e que, depois, acuado pelos protestos, anunciou a revogação do aumento também ao lado do tucano. O prefeito perdeu 16 pontos em seu índice de aprovação, que foi de 34% para 18%. Já os que consideram sua gestão ruim ou péssima saltou de 21% para 40%.

Já no Rio, a vida do governador Sérgio Cabral (PMDB) não anda mais fácil. Cabral, que vem há tempos se enfrentando com os movimentos sociais e sindicais, teve sua aprovação reduzida de 55% no final de 2010 para os atuais 25%. Já seu índice de reprovação subiu de 12% para 36% nesses dois anos e meio. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, é desaprovado por 33% dos cariocas. Em agosto de 2012, esse índice era de 12%. Sua aprovação caiu de 50% para 30%.

O rápido desgaste enfrentado pelos governos, tanto do PSDB, quanto do PT e do PMDB, mostra o acelerado avanço da consciência da população, que se desenvolve em meio aos protestos que tomaram conta do país. Segundo levantamento da Confederação Nacional dos Municípios, desde o início de junho já houve protestos em pelo menos 438 cidades brasileiras.

O povo em movimento adquire a percepção cada vez mais clara de que as coisas estão muito ruins e que os culpados por isso estão dentro dos palácios, câmaras, assembleias e do Planalto.

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