Redação

PSTU-Maranhão

Mais dois camponeses foram executados no Maranhão. Desta feita as execuções ocorreram no do domingo (05/01) na comunidade Cedro, no município de Arari, que fica a 172 quilômetros da capital São Luís. As duas vítimas, Celino Fernandes e Wanderson Fernandes, eram, respectivamente, pai e filho, assim como membros do Fóruns de Redes de Cidadania, movimento que tem se destacado na defesa dos trabalhadores do campo no estado do Maranhão.  Os dois foram mortos com tiros nos rostos disparados por pistoleiros encapuzados que invadiram sua residência.  A esposa e os netos de Celino presenciaram tudo.

Esse é mais um episódio de uma escalada de violência que é cotidiano e publicamente estimulada pelo presidente Jair Bolsonaro contra os povos tradicionais e os demais trabalhadores do campo. Não é mero discurso. É parte de um projeto que pretende transformar o Brasil numa grande colônia dos Estados Unidos e de meia dúzia de famílias ligada a agroindústria.  Para Bolsonaro, os pequenos agricultores e camponeses, assim como indígenas e quilombolas, não passam de entraves a esse projeto. Para realizá-lo, Bolsonaro e seu grupo miliciano estão dispostos a transformar o campo em um vale de sangue.  Não que não existisse violência antes desse governo, mas agora está mais escancarada e com apoio explícito vindo do Planalto.

E que o governador Flávio Dino do PCdoB tem a ver com isso?
Tudo! Do ponto de vista da retórica, do blá blá blá e do lero-lero, o governador do PCdoB se apresenta sempre como um grande opositor ao projeto político e econômico de Bolsonaro. Porém, no mundo real da luta e dos interesses das classes opostas, Flávio Dino não tem movido um dedo para defender a vida e os direitos dos camponeses pobres. A cada caso que vem à tona, o que se vê é um governo completamente incapaz de fazer o “serviço de casa”, ou seja, de defender os trabalhadores dentro das fronteiras do próprio estado que governa contra as balas desses bandos assassinos. Só indígenas Guajajaras, cinco foram executados em menos de dois meses e seu governo não fez nada além de encenação e promessa.

Os dois camponeses que foram mortos, até pouco tempo, eram presos políticos do governo de Flávio Dino. Isso mesmo, presos por derrubar cercas que os impediam de ter acesso às suas próprias casas. Isso já era um prenúncio do que poderia acontecer e nada foi feito para evitar. Pelo contrário, os pistoleiros ousaram até se passar por policiais.
Por que diabos Flávio Dino não consegue adotar uma política que se oponha a essa escalada de sangue de Bolsonaro?

A resposta é simples: a base do seu governo é composta justamente por gente que não tem nenhuma diferença com o projeto que Bolsonaro tem para o país e para o Maranhão. Pelo contrário, a maioria de sua base apoia abertamente a política econômica do governo miliciano de Bolsonaro. O próprio Flávio Dino, em muitos aspectos, tem adotado políticas e métodos que não conseguem se diferenciar em quase nada daqueles adotadas pelo capitão do mato dos Estados Unidos que hoje é presidente do Brasil. Foi assim com a reforma da Previdência, na repressão às comunidades do Cajueiro e dos Tremembés e no acordo vergonhoso que está fazendo com Bolsonaro para entregar a base de Alcântara para os Estados Unidos, passando por cima dos direitos das comunidades quilombolas e da soberania do nosso país.

É preciso intensificar a organização e a autodefesa dos trabalhadores
Os trabalhadores do Maranhão não podem ficar reféns do discurso de Bolsonaro que distribui carta branca para pistoleiros executarem trabalhadores como se estivessem num abatedouro, como também não podem ficar dando ouvidos ao lero-lero de Flávio Dino que nada faz para impedir essas atrocidades. Das duas esferas (a do Planalto e a do Palácio dos Leões) já não temos o que esperar, não em termos de segurança e de asseguramento de direitos dos camponeses.

O governo Flávio Dino deveria tomar as providências cabíveis aos casos que acontecem embaixo das suas próprias barbas. Deveria colocar esses assassinos e os seus mandantes atrás das grades. O governo do PCdoB deveria parar de criminalizar as organizações dos trabalhadores do campo como tem feito com o Fóruns e Redes de Cidadania. Vamos seguir exigindo que façam. Mas, alertamos que não vão fazer, como já demonstraram.

E na medida em que não fazem, os pequenos agricultores, os indígenas, os quilombolas e todos aqueles que estão sob a alça de mira dos pistoleiros e jagunços, têm o direito e são obrigados a organizar a autodefesa para não serem mortos como se fossem baratas.
Não é mais possível que os nossos continuem tombando sem ter como reagir diante desses bandos armados que contam com total apoio de Bolsonaro e, infelizmente, com a inoperância e até conivência do próprio governador do Maranhão.

Nessa guerra nós do PSTU temos lado e é o lado dos camponeses e do Fóruns e Redes, e estamos à disposição para, juntos, organizarmos grandes mobilizações e o enfrentamento a esses bandos armados e seus chefes que precisam urgentemente ser banidos do estado do Maranhão.

Texto alterado no dia 08/01