Os policiais civis e os funcionários do Instituto Técnico e Científico de Polícia (ITEP) do Rio Grande do Norte voltaram a paralisar as atividades por tempo indeterminado, até que o governo do Estado atenda suas reivindicações. A greve teve início no dia 20 de abril e conta com uma forte adesão, tanto em Natal como no interior. Na verdade, o movimento atual é a retomada de uma greve de 20 dias ocorrida entre os dias 23 de fevereiro e 14 de março deste ano.

Naquela ocasião, a diretoria do Sindicato dos Policiais Civis e Servidores da Segurança Pública (SINPOL), presidida por Silvano Ferreira, entregou a pauta de reivindicações ao secretário de Segurança Pública com vários itens que têm como objetivo melhorar as condições de trabalho e conseqüentemente, o atendimento ao público. Dentre estes, destaca-se a retirada dos presos das delegacias de polícia, a carga horária de 6 horas diárias ininterruptas e a adoção de um novo plano de cargos, carreiras e salários, com um realinhamento salarial.

A suspensão da greve se deu em virtude da abertura de negociações por parte do governo estadual, chefiado por Wilma de Faria (PSB). Após três reuniões com o secretário de Segurança e sem que este tivesse apresentado qualquer contra-proposta, os policiais civis reunidos em assembléia no dia 19 de março compreenderam que o governo estava apenas ganhando tempo e “enrolando” a categoria. Indignados, os servidores resolveram então retomar a greve.

O movimento é radicalizado, com a adoção de piquetes nas delegacias, ocupação de prédios e riscos de enfrentamentos com o Batalhão de Operações Especiais (BOPE) da Polícia Militar, que, a todo instante, acompanha os grevistas. No entanto, grande parte dos policiais militares e da população apóiam o movimento, o que dificulta uma decisão do governo pela repressão. Outro obstáculo para isso é que os policiais civis afirmam nos piquetes que, se necessário para se defender da repressão, utilizarão suas armas.

Superlotação
Na maioria das delegacias da Grande Natal e de Mossoró, região Oeste do estado, as delegacias estão superlotadas de presos. Os detentos, que deveriam estar nas cadeias públicas, como determina a Lei de Execuções Penais, convivem uns em cima dos outros, literalmente, nas precárias celas dos Distritos Policiais. Fugas, rebeliões e motins são freqüentes.

Na última delas, os 67 detentos da Carceragem da Polícia Civil, local onde não caberiam mais do que 30, fizeram uma rebelião e quebraram as paredes das celas, denunciando as péssimas instalações. A revolta deles é maior porque neste local não têm direito a visitas. O fato foi amplamente noticiado e o governo teve que transferi-los para outras delegacias.

Com a radicalização da greve, os policiais civis esperam que o governo quebre a intransigência e apresente uma contraproposta às reivindicações.