Policiais atiraram contra a marcha deste sábado, dia 25
Foto APPO

Paramilitares agem na cidade e matam mais cinco pessoasApesar de o governador Ulises Ruiz e o presidente Vicente Fox repetirem que a situação em Oaxaca está “normalizada”, o levante e a repressão policial estão bem longe de terminar. Nos últimos dias, as forças de repressão desencadearam uma ofensiva sem precedentes ao povo rebelado do estado mexicano. Os ataques se intensificaram após a megamarcha impulsionada pela APPO (Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca) no último dia 25 de novembro.

A 7º mega-marcha reuniu milhares de pessoas contra Ruiz, pelo fim dos ataques policiais e paramilitares e a retirada das tropas da cidade. O objetivo da APPO era cercar a PFP (Polícia Federal Preventiva, criada para sufocar conflitos sociais) no Zócalo, local central tomado pela polícia e utilizado como quartel general da repressão. Os manifestantes fariam um cordão humano ao redor dos policiais.

No entanto, tão logo a marcha pacífica se aproximou, a PFP, atacou os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo e tanques anti-motim. A situação se complicou à noite, quando caminhonetes com paramilitares ligados ao PRI atiraram contra os ativistas, matando cinco pessoas e ferindo a bala 20 outras. O saldo da repressão contabiliza 40 presos, 25 pessoas desaparecidas e mais 80 feridos.

A PFP prendeu ainda 141 pessoas entre os dias 24 e 25, 107 homens e 34 mulheres. Segundo o chefe do Estado Maior da polícia, os presos foram transferidos para uma prisão federal de segurança máxima na cidade de Nayarit por terem um “perfil de alta periculosidade”.

“As forças repressoras usaram armas de grosso calibre e, em várias ocasiões, dispararam rajadas contra os manifestantes, podemos garantir que ao menos cinco companheiros foram assassinados nas imediações da Faculdade de Medicina, além dos companheiros presos que estão sendo torturados em prisões clandestinas”, denuncia um comunicado da Comissão de Imprensa e Propaganda da APPO.

`BarricadasA repressão contra o levante de Oaxaca chegou a um ponto crítico. Agindo de forma coordenada, o governo utiliza, além da PFP, a Polícia Federal Investigativa, a polícia estadual, além dos grupos paramilitares. Nesta terça, dia 28, a direção da PFP anunciou o reforço dos Gopes (Grupos de Operaciones Especiales), grupo de elite da polícia.

Um verdadeiro estado de exceção foi instalado na capital, com policiais invadindo casas e fazendo apreensões ilegais. Foi expedido também um mandado de prisão contra 200 dirigentes do Conselho Estatal eleitos no Congresso da APPO. Além disso, rádios clandestinas de partidários do PRI instam o assassinato de ativistas. O absurdo chega a tal ponto que até mesmo os Prontos Socorros da cidade estão sendo atacadas com gás lacrimogêneo.

A APPO está fazendo um apelo a organizações humanitárias e de direitos humanos em todo mundo para intercederem no massacre realizado em Oaxaca. A ONU, a mesma que fornece a legitimação para as invasões de Bush e Blair, recusou-se a se envolver no conflito. O representante do Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento (PNUD), Thierry Lemaresquier, afirmou que a entidade não pode participar se não for chamada por todas as “partes envolvidas“.

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