Assassinato em reintegração de posse faz parte da política de repressão do Estado. Operação chegou a ser chamada de “profissional”Dia 21 de agosto, sexta-feira. A Brigada Militar, a violenta polícia gaúcha, cumpre ordem de reintegração de posse da improdutiva fazenda Southall, em São Gabriel, oeste do estado.

Os 300 policiais invadem o acampamento, agredindo de forma indiscriminada os sem-terra desarmados. Não satisfeito, um oficial dispara a escopeta calibre 12 à queima-roupa em um acampado, atingindo-o nas costas. Elton Brum da Silva, de 44 anos, casado e com dois filhos, morre ao ser levado por policiais.
Cerca de 50 pessoas foram feridos por estilhaços, golpes de espada e mordidas de cães.

No dia 12, a Brigada já havia realizado violenta repressão contra uma ocupação de sem-terra na prefeitura da cidade. Os manifestantes foram agredidos e torturados, entre eles mulheres e crianças.

Repressão como política de Estado
O assassinato expõe a repressão como política de Estado do governo Yeda. “O uso de armas de fogo no tratamento dos movimentos sociais revela que a violência é parte da política deste Estado”, denuncia a nota do MST.

A princípio, a ação da Brigada foi chamada pelas autoridades de “profissional”, aumentando a indignação. Diante da repercussão, o comandante da Brigada, coronel Lauro Binsfield, foi afastado, mas ninguém foi punido até agora.

O PSTU, em nota, responsabiliza diretamente o governo. “O PSTU vem a público responsabilizar o governo Yeda pelo assassinato do companheiro sem-terra. O governo Yeda é duplamente responsável, pois além de ser a chefe maior da Brigada Militar e portanto responsável pela sua ação, é um governo que não assentou nenhuma família e trata os movimentos sociais como criminosos”, diz a nota assinada por Vera Guasso, presidente do partido no estado. O PSTU responsabiliza ainda o governo federal, que corta verbas da reforma agrária e se torna cúmplice desse crime.

Histórico de violência
Não é de hoje os casos de violência envolvendo a Brigada Militar e os movimentos sociais. Há um longo histórico. No dia 8 de março de 2008, por exemplo, a Brigada reprimiu violentamente uma protesto de trabalhadoras da Via Campesina.

A luta pela terra na região já passa por um longo processo de criminalização pela Justiça, com proibição de marchas e fechamento de escolas nos acampamentos. Em 2008, foi revelado um relatório do Ministério Público gaúcho que pedia a dissolução do MST.
Com o aumento dos protestos contra a corrupção do governo Yeda, houve também uma escalada repressiva da polícia. Em junho do ano passado um ato pacífico foi duramente reprimido pela Brigada e neste 14 de agosto, os atos foram cercados por um grande aparato policial. Se nada for feito, Elton será o primeiro da lista de mortos da polícia assassina do corrupto governo Yeda.

Post author Da redação
Publication Date