Maioria da população não tem como pagar pelo transporte
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Mais uma vez, a Polícia Militar e a Guarda Municipal de São Paulo deram um show de selvageria. No final da tarde desta quinta-feira, 17, policiais responderam às bexigas que os estudantes jogaram contra o prédio da Prefeitura com bombas de gás, spray e balas de borracha.

O protesto era contra o aumento das tarifas de transporte da cidade. Nem jornalistas e vereadores escaparam do massacre. Os vereadores petistas Antonio Donato e José Américo apanharam de cassetete. Repórteres e fotógrafos ficaram feridos. Um fotógrafo da Folha de S. Paulo foi ferido por estilhaços de bomba na perna.

A manifestação reuniu cerca de 500 estudantes e trabalhadores. Eles se juntaram aos seis estudantes que estavam acorrentados nas catracas de acesso do prédio desde a tarde. O objetivo principal era conseguir uma reunião de negociação com a Prefeitura e Secretaria Municipal de Transportes.

À tarde, os manifestantes foram a uma reunião que estava marcada com o secretário adjunto de Transportes de São Paulo, Pedro Luiz de Brito Machado, que não apareceu. O mesmo afirmou que não está em questão negociar as tarifas.

Uma catraca foi queimada e bexigas foram lançadas contra o prédio, mas a manifestação era pacífica. Quando alguns manifestantes tentaram furar o bloqueio para entrar na prefeitura, a reação da polícia foi violenta e desproporcional. Muitos ficaram feridos.

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Foto: Sérgio Koei
Na maior cara-de-pau, a Prefeitura emitiu uma nota em que diz que “não é possível compreender e aceitar a violência usada, nesta quinta-feira por manifestantes que protestam contra a tarifa do sistema de transporte público da cidade”. A informação é do Portal R7, que também teve uma jornalista ferida. As imagens da imprensa, no entanto, mostram exatamente o contrário.

O Sindicato dos Metroviários de São Paulo esteve no ato. Segundo o presidente da entidade, Altino Prazeres, o sindicato protestou contra o aumento dos transportes e contra a situação em que se encontra o metrô. Eles distribuíram uma carta aos usuários do metrô em que convidavam para o ato do dia 17.

Foto: Sérgio Koei
“Aumento do transporte significa menos dinheiro para os trabalhadores, população e juventude se alimentar e se divertir”, diz o texto assinado pelo Sindicato Metroviários, Sindicato dos Ferroviários da Zona Sorocabana, Movimento Passe Livre, ANEL, CSP-Conlutas e Intersindical.

O Sindicato dos Ferroviários de Sorocabana também estavam no ato, e o filho de um trabalhador foi ferido a bala de borracha no pescoço. Movimentos de bairros também estavam presentes.

O transporte em São Paulo é o mais caro do país. Em janeiro, a tarifa de ônibus foi de R$ 2,70 para R$ 3. Esse aumento é superior à inflação e ao reajuste do salário mínimo. O metrô também aumentou no último fim-de-semana: de R$ 2,65, passou a custar R$ 2,90. Com os protestos, os manifestantes pretendem revogar o aumento que, na prática, restringe – e muito – o direito de ir e vir da população que necessita do coletivo.

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