LIT-QI

Liga Internacional dos Trabalhadores - Quarta Internacional

O PSTU-Argentina fortaleceu a FIT (Frente de Esquerda dos Trabalhadores) com candidatos operários e lutadores, colocando grande esforço da militância na campanha. Mas temos a obrigação de travar os debates necessários, porque nossa principal responsabilidade é dizer o que pensamos aos trabalhadores e ao povo.

Recentemente, Nicolás del Caño, deputado e dirigente do Partido de los Trabajadores Socialistas (PTS), disse que “queremos conquistar mais bancadas da FIT no Congresso, para impor uma saída favorável às reivindicações e necessidades do povo trabalhador“.

Por sua vez, a propaganda do PO (Partido Obrero), onde também aparece o candidato Reynoso da Esquerda Socialista (IS) disse que “se você quer uma oposição verdadeira no Congresso, a esquerda tem que estar“.

Em toda a capital federal há cartazes onde se lê “a cidade precisa de deputados de esquerda“.

Nós estamos de acordo que Cristina Kirchner não é uma verdadeira oposição, ao contrário, é quem vem garantindo a governabilidade de Macri, junto com a CGT.

Também estamos de acordo que neste momento é importante dar a batalha política com a maior quantidade de trabalhadores para que não votem em Bullrich, nem em Carrió, nem em Cristina, e que votem em candidatos operários e lutadores.

O problema é que a declaração de Del Caño e os programas, cartazes e declarações do PO e Esquerda Socialista, geram expectativas na capacidade do Congresso para solucionar os problemas dos trabalhadores. De acordo com o que dizem, o problema não seria o Congresso, mas seus deputados. Então, nos dizem que elegendo muitos deputados da FIT vamos “impor uma saída favorável às reivindicações e necessidades do povo trabalhador“. É a mesma coisa que dizem os partidos reformistas em todo o mundo.

Nós, ao contrário, achamos que só com a luta nas ruas podemos impor uma saída favorável aos trabalhadores.

Por isso, nos parece que a política do PO, PTS, e IS é um grave erro, que assinala um caminho de adaptação às regras do jogo dessa democracia patronal. Isso já trouxe graves consequências, como a votação do projeto de lei apresentado pelo governo em relação ao 2X1 (lei que alivia penas a condenados por crimes da ditadura), e na votação sobre o “desaforo” de De Vido, onde votaram junto com o kirchnerismo.

É uma discussão muito profunda, e tem que ver com as distintas estratégias que temos os partidos de esquerda.

O parlamento não é uma organização dos trabalhadores
O Congresso é uma organização do Estado e por mais que nos digam que o Estado é de todos, na realidade é dos banqueiros e empresários.

O Congresso é uma instituição do Estado burguês, como a polícia, as Forças Armadas, a Justiça, etc. E todas essas instituições existem para cuidar dos interesses dos patrões, contra os interesses dos trabalhadores e do povo.

As principais forças da FIT se dizem revolucionárias, e de forma geral, reivindicam a figura de Lênin e Trotsky. Por isso, queremos lembrar aqui um fragmento das “Teses sobre a ação dos revolucionários no parlamento”, da Terceira Internacional:

Os parlamentos burgueses, que constituem um dos principais aparatos da máquina governamental da burguesia, não podem ser conquistados pelo proletariado numa medida maior que o estado burguês em geral. A tarefa do proletariado consiste em romper a máquina governamental da burguesia, destruí-la, inclusive as instituições parlamentares“.

Longe de fazer isso, os partidos da FIT geram expectativas que elegendo mais deputados nesse congresso dos patrões vamos solucionar os problemas dos trabalhadores.

A tarefa dos deputados revolucionários
A resposta a este tema depende do que queremos fazer no Congresso.

Para nós, é importante que elejamos deputados no Congresso para que se escute a voz dos trabalhadores, para denunciar a corrupção, e desnudar as mentiras desse antro cheio de representantes dos bancos e das multinacionais.

Entramos no Congresso para denunciar o Congresso como ele é, uma instituição de um estado que pertence aos banqueiros e empresários. E ali temos a obrigação de apresentar projetos de lei opostos aos dos partidos patronais e a chamar os trabalhadores a se mobilizarem por ele, para os impor. Não é acordando leis com esses partidos que vamos conseguir, porque nossos interesses como trabalhadores são opostos aos deles. Votar junto com o kirchnerismo, por exemplo, a favor da não separação de De Vido não é casualidade, é produto dessa confiança que tem os partidos da FIT no Congresso.

Para nós, durante as eleições e no Congresso, a principal tarefa dos partidos que se reivindicam revolucionários é desmascarar essa democracia dos ricos, e seus candidatos e políticos patronais que mentem aos trabalhadores, fazendo-os crer que vão governar para eles. E denunciar esse Congresso onde se legitimam através de leis todos os negócios das patronais.

Temos que aproveitar as eleições para dizer aos trabalhadores que não há saída à crise que vivemos se não tirarmos o governo e colocarmos em seu lugar um governo dos trabalhadores e do povo, que exproprie as fábricas, os poços de petróleo, as minas, os bancos e as terras. Dizer aos trabalhadores que os capitalistas vão nos deixar fazer isso porque ganhamos mais deputados no Congresso é colaborar com o engano ao povo trabalhador. Além disso, “Cambiemos”, “Unidad Ciudada” e “1 País”, são financiados pelas grandes multinacionais, e são apoiados pelos grandes meios de comunicação que lhe dão mais espaço nos canais de televisão, rádio, etc.

Por isso, sempre dizemos que nosso terreno é da luta. Porque para enfrentar os interesses dos patrões, e seus governos, temos que enfrentá-los nas ruas, não há alternativa. Vamos dar a batalha contra a patronal em todos os terrenos, inclusive no Congresso. Não daremos trégua em nenhum lado, por isso queremos ter deputados e por isso integramos as listas da FIT, com candidatos operários e lutadores.

Para acompanhar com mais força a luta dos trabalhadores e dos setores oprimidos e amplificar o alcance de nossas denúncias.

Temos a obrigação de ser contundentes nisso quando participamos das eleições. A declaração de Del Caño do PO e da IS geram confiança neste regime que, como cantam na Espanha: “dizem que é democracia, mas não é“. Nossa principal tarefa nas eleições e no Congresso é oposta a isso.

Publicado originalmente no site do PSTU-Argentina