Para os marxistas o armamento dos Estados Capitalistas, segue demonstrando a irracionalidade do sistema capitalista no desperdício de recursos humanos, econômicos na construção de uma indústria de destruição, que nada mais é do que indústria de armamentos, da guerra. Por outro lado não somos pacifistas, e sim anti militaristas.

A quantidade de dinheiro desperdiçado em exércitos, armas, guerras e pesquisas de novas formas de destruição, superam hoje em um terço tudo o que a humanidade produz.

Mas como ainda vivemos num mundo onde as regras são ditadas pelos donos do capital, dinheiro, ações, máquinas, indústrias e terras, não poderíamos de deixar de emitir nossas opiniões sobre as atitudes tomadas pelos governos, sobre a questão dos armamentos em geral e o reaparelhamento das Forças Armadas.

A indústria de armamentos no Brasil
O Brasil, na segunda metade da década de 1960, e ao longo de toda a década de 70 e 80, criou e desenvolveu uma indústria de armamento de relevância mundial. Empresas como Embraer, Engesa, Avibras, Imbel, além de mais de uma centena de outras empresas fornecedoras. Na conta pode-se incluir uma gama de técnicos e engenheiros formados em institutos de ensino e pesquisa, como o Instituto de Tecnologia Aeroespacial (ITA), dentro do Comando Tecnológico da Aeronáutica (CTA), todos em São José dos Campos (SP).

Contudo, a década de 90 trouxe a crise, a reestruturação e a desnacionalização desta indústria ligada aos militares brasileiros. Os países imperialistas, como os Estados Unidos, Inglaterra e França, não podiam admitir que após a queda do muro de Berlim países como o Brasil disponibilizasse de uma tecnologia e indústria que pudesse atrapalhar os negócios da poderosa indústria bélica imperialista. Por isso, fizeram de tudo para, senão a destruir, impor uma diminuição drástica da produção em larga escala e em conseqüência a diminuição da disponibilidade de investimentos em novos produtos para as próximas décadas.

E assim fizeram. A Engesa, fabricante de tanques e veículos blindados, faliu, graças a ameaças, por exemplo a países como Arábia Saudita e outros compradores de tanques da ENGESA, e q poderiam perder os subsídios Norte americanos, já que a empresa vinha ganhando concorrências no Oriente Médio. A Avibras, fabricantes de mísseis e lança mísseis de pequeno e médio alcance, entrou em crise. Hoje, essa empresa é muito inferior a sua capacidade de investimentos em pesquisas e no desenvolvimento em novos produtos. A Embraer que chegou a desenvolver e fabricar aviões como o Tucano e o AMX, hoje, nas mãos de acionistas “estrangeiros”, se coloca no papel de “montadora” dos novos caças a serem comprados pela FAB.

A polêmica sobre a compra de novos caças para a FAB e as ‘ alianças estratégicas do governo Lula´
O governo Lula se vangloria afirmando que hoje o país é mais soberano e respeitado mundialmente. Mas a realidade é bem diferente. Basta olhar para como os Estados Unidos tratou o país após o terremoto que destruiu o Haiti na pessoa de seu ministro das relações exteriores Celso Amorim, representante do comandante da Minustah da ONU, o governo Brasileiro, em sua viagem àquele país, logo após a tragédia. Como os norte-americanos ocuparam o aeroporto, o Palácio Presidencial, além de outros pontos estratégicos no país, mandaram o ministro do governo Lula desembarcar na República Dominicana, país vizinho ao Haiti, sem maiores explicações. É sempre bom lembrar que tal episódio aconteceu com um Ministro de Estado de um governo que lidera uma vergonhosa ocupação militar no Haiti, a serviço do imperialismo. Mesmo fazendo o trabalho sujo para os ianques, o episódio mostra muito bem como o Brasil é “respeitado”.

O episódio dos caças da FAB, que se arrasta por mais de 10 anos, também indica que podemos estar no fim de uma longa novela do chamado projeto FX (agora chamado de FX-2). Tal projeto previa a renovação da frota de aviões da FAB, com seus Miragens, cujo prazo de vida útil venceu em 2005, depois de 30 anos de uso.

Lançado no governo FHC, o projeto FX previa até 2005 a renovação da frota de aviões da FAB. Contudo, em razão de uma intensa pressão por parte dos países vendedores de aviões militares (EUA, França e Suécia), até hoje nenhum avião foi encomendado.

Em um relatório técnico, a FAB classificou o Gripen NG (Suécia), como o melhor avião em termos de custo/benefício. Mas o avião encontra na disputa com o F-18 Super Hornet (segundo colocado), da norte-americana Boeing, e com o Rafale da francesa Dassault (terceiro colocado). Mas nas palavras de membros do governo, o presidente Lula já teria escolhido o avião Francês, mesmo este sendo o mais caro e de maior custo para a manutenção. Isto porque o governo Lula vem assinando acordos com França para a compra de submarinos, porta aviões e helicópteros – todos com custos mais elevados. Tudo isso na vã esperança de que a França apóie o Brasil na sua pretensão de ter um acento no Conselho de Segurança da ONU.

Esta polêmica sobre os aviões da FAB vem gerando uma série de protestos dos empresários fornecedores de peças para aviões. Recentemente os empresários reunidos no CIESP, regional São José dos Campos, muitos deles fornecedores da Embraer, lançaram uma carta aberta dizendo que a escolha feita pelo governo do avião francês Rafale, ameaça a soberania do país. Não é o PSTU que está dizendo isso, é a patronal do setor. Patronal que na tem nada de progressista, é uma das mais truculentas no trato como o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, filiado à Conlutas. Por que isso? Porque nas propostas entregue pelas fabricantes fica claro que o avião francês além de ser o mais caro na compra, também é na manutenção. Tem mais. A empresa fabricante Dassault é uma das principais concorrentes da Embraer, e a França passaria a ser o único país fornecedor de armamentos para o Brasil, coisa completamente contra producente num mundo como o de hoje. Nenhuma nação séria tem apenas um país fornecedor de armas, por uma questão simples: qualquer desacordo com este país, o fornecimento de suprimentos e a manutenção estarão ameaçados.

O que fariam os socialistas
Não temos ilusão que, uma vez no poder, os socialistas devem dispor dos meios a sua mão para defender o Estado socialista. Os bolcheviques fizeram um acordo com Alemanha, logo após o cessar fogo em 1918, e usaram as mesmas armas usadas contra os russos na I Grande Guerra para o Exército Vermelho usar na guerra civil e defender a revolução.

Por isso, aqui no Brasil é importante a estatização da EMBRAER, Avibras, a reconstrução de uma ENGESA Estatal, sob o controle dos trabalhadores. Caso um país tivesse interesse em fornecer troca e venda de tecnologia que pudesse ser usada por estas empresas em defesa do Estado socialista, os socialistas devem utilizá-la.
Garantiríamos assim as armas necessárias para defender o Estado socialista contra ataques do imperialismo, e poderíamos transmitir a tecnologia adquirida para avançarmos a modernização do país nas áreas civis onde essa tecnologia pudesse ser útil. Mas tudo isso deve estar sob o controle dos trabalhadores e da população trabalhadora do país, para evitar os erros da burocracia soviética que criou um monstruoso complexo militar econômico que, após a subida de Stalin e de sua burocracia ao poder, girou a produção de armas para oprimir seu povo e depois para oprimir os países do Leste Europeu, como Hungria, Alemanha oriental, Tchescolovaquia, Polônia e depois o Afeganistão.