Dia Nacional de Luta reuniu cerca de 15 mil

Na noite da última quinta-feira, 27 de junho, as tradicionais marchas pelo centro da cidade, chamadas pelo Bloco de Lutas Pelo Transporte 100% Público, deram lugar a um ato na Praça da Matriz, onde se encontram a Assembléia Legislativa, o Palácio da Justiça e o Palácio Piratini, sede do executivo gaúcho. O ato fez parte do Dia Nacional de Lutas chamado por diversos sindicatos, a central sindical CSP-Conlutas e as entidades que compõem o Espaço de Unidade de Ação. Cerca de 15 mil pessoas encheram a praça e as ruas ao redor para reivindicar o Passe Livre, repudiar a criminalização dos Movimentos Sociais e dizer que preferem mais investimentos para educação e saúde e menos para copa.
 
“Pois paz sem voz, paz sem voz, não é paz, é medo!”
A estratégia da noite do dia 27 era ocupar a praça dos três poderes de Porto Alegre. Tentativa essa que foi duramente reprimida na noite de segunda-feira pela Brigada Militar, que impediu a marcha, com mais de 20 mil manifestantes, de seguir seu rumo. Porém, nessa quinta, os manifestantes se concentraram direto na Praça da Matriz, fazendo uma ocupação simbólica desse espaço. Outra diferença dos atos anteriores foi que o Bloco de Lutas optou por fazer um ato parado em frente ao Palácio Piratini, com a utilização de carro de som e a participação de bandas independentes. O ato cultural, como foi chamado, intercalou fala de ativistas do movimento e músicas de bandas como Apanhador Só. Milhares na praça cantaram juntos músicas de protesto e entoaram palavras de ordem: “da Copa, da Copa, da Copa eu abro mão. Eu quero mais dinheiro pra saúde e educação!”
 
Bloco de Lutas entrega carta para Governador
Perto das 20h, 11 ativistas do Bloco de Lutas foram recebidos pelo Governador Tarso Genro (PT), no Palácio Piratini, para entregar sua carta de reivindicações. Matheus “Gordo”, da Juventude do PSTU, que esteve na reunião relata “hoje, depois de quase seis meses de atos, fomos pela primeira vez recebidos pelo governador gaúcho e apresentamos nossas pautas a ele. Muito do conteúdo de nossa carta de reivindicações tem a ver com a criminalização que o movimento vem sofrendo. O Governador disse desconhecer algumas das questões colocadas, como a não utilização da identificação pelos policiais e os casos de perseguições e monitoramento dos Movimentos Sociais, pautas essas que foram muito denunciadas nessas últimas semanas”. Sobre as questões mais específicas e sobre a pauta do Passe Livre, Matheus lembrou que o governador Tarso (PT) foi o mesmo que aprovou, enquanto ministro, a Lei do Piso Nacional dos Professores, e hoje o estado governado por ele não aplica essa lei, ficando difícil confiar que o Passe Livre seja colocado em prática.
 
Passe Livre Já, Brasil!
Na tarde de quinta-feira, antes do ato, o governador gaúcho anunciou na imprensa a implementação do Passe Livre para Estudantes, já para o dia 1º de agosto, sem maiores esclarecimentos de como se daria o investimento ou de qual o perfil dos beneficiários. Em reunião realizada com o Bloco de Lutas durante o ato, novamente o governador foi vago em sua proposta, colocando que irá apresentá-la somente dia 5, sexta-feira. Tarso foi o primeiro governador a apresentar o Passe Livre como uma possibilidade, coisa que o movimento já vem colocando há anos. Esse anúncio só foi possível graças ao povo na rua. Foi a pressão dos manifestantes que conquistou essa vitória. Porém, não nos deixemos iludir, assim como o Tarso (PT) aprovou a Lei do piso dos professores e não aplicou, e o PT na frente do Governo Federal por diversas vezes defendeu uma bandeira do movimento na retórica, mas na prática a ignorou – como é o caso da homofobia, não temos nenhuma confiança nesse governo. Nossa proposta de Passe Livre passa pela estatização das empresas de transporte, atacando o lucro do empresário. O transporte é um direito e não uma mercadoria, o Passe Livre não pode ser apenas para estudantes! Não queremos tirar dinheiro da educação e da saúde para o transporte, queremos que os ricos paguem pelo Passe Livre!
 
“Não confunda a reação do oprimido com a violência do opressor”
Já passava das 21h quando o clima na Praça da Matriz começou a ficar mais tenso. Manifestantes foram impedidos pela polícia de seguir em marcha para outros locais do centro de Porto Alegre. Para conter o povo, novamente utilizou-se de bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Antes que a repressão aumentasse e tomasse conta do ato em frente ao carro de som, o Bloco de Lutas, organizador do ato, decidiu encerrar a manifestação. Os milhares presentes foram se dispersando aos poucos, marchando por diferentes locais do centro da cidade. Alguns grupos que compõe o Bloco se dirigiram ao Largo Zumbi dos Palmares encerrando a noite em um bonito jogral (vídeo abaixo). Infelizmente, novamente muitos carros de trabalhadores foram destruídos. Não podemos confundir a reação dos oprimidos com a violência do opressor, porém não apoiamos que a classe trabalhadora tenha seus carros e residências conquistadas com o suor do seu dia-a-dia destruídos como reação à violência do estado. Essa tipo de ação não fortalece o movimento e só dá motivos para a mídia e a polícia criminalizarem as manifestações. 
 
Vamos seguir lutando!
As possibilidades de vitórias nos dão mais força para seguirmos nas ruas. O movimento em Porto Alegre, iniciado em janeiro, hoje é muito mais amplo e traz muitas pautas que há anos são ignoradas pelos governantes. Os governos nunca trabalharam tanto em tão pouco tempo, os empresários nunca sentiram tanto medo. A luta nos mostrou que é possível vencer! E será na unidade com os trabalhadores que o movimento se fortalecerá. Dia 11 de julho está marcada uma grande greve com amplos setores da classe trabalhadora. Nós do PSTU estaremos presente, mobilizando nos sindicatos, nas fábricas, nas universidades e escola, pois sabemos que a união dos explorados e oprimidos é nossa melhor arma!