Cerca de 250 estudantes de diversos cursos da PUC-SP ocuparam a Reitoria da universidade no último dia 5, em protesto ao projeto de reestruturação da universidade apresentado pela Reitoria, o chamado Redesenho Institucional. O projeto representa um enorme ataque à autonomia universitária e à qualidade do ensino.

Seguindo a mesma linha do Reuni nas universidades federais e os demais ataques que os governos e as reitorias vêm implementando nas universidades – como foi o caso dos Decretos de Serra para as Universidades Estaduais Paulistas ou o PDI implementado na Fundação Santo André –, a Reitoria da PUC-SP, em conjunto com a Fundação São Paulo – mantenedora da Universidade – e o banco Bradesco querem criar um tipo de universidade entregue às mãos do mercado.

A Reitoria vinha levando o processo a toque de caixa, sem nenhuma discussão com o conjunto da comunidade universitária e, inclusive, apresentando como data definitiva para a votação do projeto no CONSUN (Conselho Universitário) o dia 12 de dezembro, durante as férias.

A ocupação da reitoria da PUC-SP abriu um amplo debate sobre do projeto, que polarizou a universidade. A PUC-SP voltou ao clima da greve de 2006, onde as assembléias de curso voltavam a discutir os rumos da instituição.
A reação da reitoria, da burocracia do CONSUN e da Fundação São Paulo foi chamar a Tropa de Choque da Polícia Militar, que invadiu o Campus Monte Alegre e desocupou a reitoria. A PM só havia invadido a PUC-SP há exatos 30 anos atrás, durante a ditadura militar.

A invasão da PM em 1977 foi uma reação à reorganização do movimento estudantil que lutava contra a ditadura militar. Três décadas depois, a Tropa de Choque reprime os estudantes, sob o chamado da Reitora Maura Véras, desesperada com a possibilidade de ver seu projeto mercantilista derrotado pelos estudantes.
A ação da reitoria junto à Justiça e à PM não desmobilizou os estudantes. Pelo contrário, os alunos permaneceram em frente ao prédio após a retirada pela polícia, cantando palavras-de-ordem contra a reitoria e contra o Redesenho.
Depois da entrada da polícia, os estudantes realizaram assembléias massivas, uma delas com mais de mil pessoas, onde decidiram por uma paralisação e um ato na Fundação São Paulo.

Os próximos passos do movimento agora são organizar o movimento para barrar a votação do Redesenho no CONSUN e construir um grande Congresso dos três setores da Universidade – estudantes, professores e funcionários – que tome para si a tarefa de dar continuidade à luta.

Post author Bruno Machion, estudante de Serviço Social da PUC-SP e Dayana Biral, estudante de História da PUC-SP
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