Thiago Stone / Fotógrafos Ativistas

Trabalhadores propõem liberar as catracas e descontar um dia de trabalho em alternativa à greve, mas Alckmin não aceita

Na noite desse 5 de junho os metroviários aprovaram a manutenção da greve, votada por unanimidade no dia anterior.  A postura do governador Geraldo Alckmin (PSDB), no entanto, foi de manter a proposta que fez a categoria entrar em greve, reafirmando que a catraca livre não será aceita como alternativa ao caos instaurado na cidade.

Os metroviários saíram fortalecidos da última assembleia. Embora a mídia faça uma campanha tentando jogar a população contra a greve, os trabalhadores sabem que o caos no transporte público de São Paulo não é uma realidade só dos últimos dois dias. Diariamente pegamos metrôs lotados, que sofrem constantes falhas técnicas e atrasos. A resposta por parte do governo é uma só: mais precarização. A estação Anhangabaú, por exemplo, tem que receber trens vazios diretos da garagem, pois a lotação na plataforma é tanta que podem ocorrer acidentes, existindo o risco real de queda de usuários na via.

Alckmin negocia com bombas e bala de borracha
Após assembleia nesse dia 5, os metroviários saíram percorrendo as estações para segurar os operativos de contingências por parte da Companhia do Metropolitano de São Paulo. Essas medidas da empresa fazem com que o setor administrativo coloque o sistema metroviário minimamente em funcionamento, em algumas linhas.

Essa prática, porém, é muito perigosa. Os trabalhadores do administrativo não têm conhecimento técnico para lidar com os problemas operacionais e não há manutenção nos trens e linhas desde o inicio da greve. A junção desses dois elementos coloca em risco real a segurança da população.

Para evitar essa medida, os metroviários tentaram barrar a entrada dos funcionários na estação Bresser-Mooca e na estação Ana Rosa, por volta da 3 horas da manhã. O início dos piquetes foi pacífico, com um diálogo tranqüilo com os supervisores. O objetivo por parte da empresa era de colocar os trens em funcionamento às 5 da manhã e, para implementar sua política, por volta das 5h30 chegaram cerca de 10 policiais para dialogar com os metroviários grevistas.

Percebendo que os metroviários estavam conseguindo a manutenção da greve, mesmo com o plano de contingência, por volta das 6h a policía ganhou o reforço da Força Tática, que é a polícia especializada do Estado de São Paulo. Vitor Ribeiro, metroviário grevista, afirma que a presença da polícia desestabilizou os supervisores, que estão sendo pressionados a operar os trens no dia de hoje. “Eles falaram que não queriam operar os trens, que não tinham condições psicológicas para isso”, relata.

“Enquanto dialogávamos, a Força Tática estava no acesso, não tinha descido para a estação, quando desceram, foi com uma postura violenta, tentando expulsar os metroviários da estação e atirando bala de borracha e bomba de gás”, denuncia o funcionário do Metrô. “Os supervisores não chamaram a polícia, essa medida partiu do governo do estado; Alckmin mandou a policia reprimir os metroviários na Ana Rosa. A ordem veio lá de cima!”, conta o também metroviário Raimundo Cordeiro.

Metroviários lançam o desafio: Catraca livre
Em uma contra-ofensiva à violência por parte do governo Alckmin, os metroviário se reuniram na Sé e saíram dialogando com a população, se mostrando dispostos a trabalhar de graça durante as negociações, desde que a catraca seja liberada. Foram feitos mutirões de passagem nos trens, discutindo as reivindicações dos metroviários, a política da catraca livre e a falta de segurança na circulação dos trens. A recepção por parte da população foi positiva, embora a grande mídia tente mostrar o contrário.

A pauta de negociações foi entregue dia 15 de abril. Houve tempo para a avaliação das propostas, foram quase 10 reuniões de negociação e nenhum avanço por parte do governo. O clima na categoria é de disposição para dialogar e negociar a pauta. A repressão que ocorreu nessa manhã só fortaleceu mais ainda a categoria. “O Secretário dos Transportes, Jurandir Fernandes, falou que quer travar uma guerra com os metroviários, e os metroviários vão enfrentar, a exemplo dos garis do Rio de Janeiro; vamos comprar essa briga, somos vistos como inimigo por denunciarmos o cartel do propinoduto, a frota K e todos os seus problemas, a categoria está revoltada, merecemos de fato um transporte padrão FIFA”, afirma Vitor.

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