Cerca de 700 estudantes trocam experiências na Plenária Nacional
Marisa Carvalho

Mais uma vez, a necessidade de unidade contra as reformas do governo Lula falou mais alto no processo de mobilizações que acontece em dezenas de universidades pelo país. Neste final de semana, ocorreu a Plenária Nacional dos Estudantes em Luta, na ocupação da reitoria da USP, em São Paulo.

O encontro foi fruto de todos os processos de luta que ocorrem, atualmente, pelo Brasil, como a greve e ocupações das universidades estaduais paulistas, a greve das estaduais da Bahia, a greve dos servidores da base da Fasubra e as ocupações de reitoria que pipocaram desde o início do movimento da USP.

Cerca de 700 pessoas de várias regiões do país vieram em caravana ou em representações para trocar experiências de diferentes realidades e avançar na luta contra a reforma universitária e em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade. Foi muito forte a presença de estudantes das universidades estaduais paulistas e das federais.

Mesmo que cada universidade tenha uma realidade diferente, existe um entendimento comum de que os ataques que a educação sofre hoje têm a mesma causa. “Temos na universidade nossa pauta especifica, mas casamos com a realidade em todo país. O problema de assistência estudantil segue toda uma lógica de falta de verbas para a universidade, que tem em todo país. Cada pauta especifica tem a ver com uma pauta geral do governo”, opina Getúlio, estudante de geografia da UFMG.

Foi muito criticado o oportunismo da direção da UNE, que tentou encampar para si as mobilizações via ocupação em algumas universidades, apesar se ser rechaçada pelos estudantes por ser aliada das reitorias e do governo ao apoiar a reforma. “Na UFRJ, o DCE, ligado à UJS, não só na nossa ocupação, mas em todas as mobilizações de luta, encontra-se totalmente fora, não consegue dar respostas aos estudantes e muito menos barrar essas luta, já que hoje o nosso Comitê de Lutas se impõe sobre essa entidade governista”, explica Badauí, estudante de Letras da UFRJ.

Considerada vitoriosa pelos participantes, a plenária não acaba em si mesma. “A partir de agora, temos de avançar nessas lutas, com uma pauta única nacional que enfrente a reforma universitária do Governo Lula”, explica Badauí.

Também foi aprovado o calendário unificado do Fórum Nacional Contra as Reformas, junto a movimentos sociais e sindicatos. Foi discutida e aprovada a realização de um encontro no segundo semestre, junto com a Frente Contra a Reforma Universitária, e uma marcha à Brasília no segundo semestre para dar prosseguimento à luta contra a reforma.

Outra decisão importante foi o aprofundamento das lutas via ocupações de reitorias que já estão estourando pelo país. Emiliano Soto, da coordenação da Conlute, é otimista nessa nova realidade do movimento estudantil brasileiro. “A Conlute, desde o início da reforma universitária, tem pautado a necessidade de construção de um novo movimento estudantil, e este processo atual de lutas é o coroamento de uma batalha contra a UNE governista”, afirma Soto.

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