Mais de 120 pessoas debatem homofobia
Gustavo Sixel

No dia 20 de abril, aconteceu a primeira Plenária Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transgêneros (GLBTs) da Conlutas durante o Encontro Nacional de Mulheres da Conlutas. Queremos reivindicar o sucesso absoluto dessa atividade, que marca uma nova etapa tanto para o movimento homossexual brasileiro quanto para o processo de reorganização da classe trabalhadora do país.

A atividade reuniu cerca de 120 militantes e ativistas de 44 entidades sindicais, estudantis e populares, além de ativistas de movimentos sociais e ONGs. Nela, estavam representados 12 estados do país. A importância está no seu caráter inédito e em fortalecer o vínculo e a unidade de todos esses setores em torno a um projeto comum.

Ao longo do debate, foi discutida a necessidade de se construir um movimento de luta GLBT, de caráter classista, independente e combativo. Dado os rumos da luta homossexual no país e no mundo, o processo de mercantilização e cooptação do movimento, que vem tirando sua autonomia e combatividade, bem como fortalecendo a idéia de que estão sendo obtidos grandes avanços para a população homossexual como um todo, queremos afirmar que todas as conquistas que conseguimos arrancar geralmente são vividas só pelos homossexuais com maior poder aquisitivo.

Com isso, queremos afirmar categoricamente que gays e lésbicas da classe trabalhadora continuam sofrendo com o preconceito, a violência, a exploração e perseguição nos locais de trabalho e estudo e nas periferias.

Por isso, entendemos que é preciso construir um movimento que resgate o caráter de luta do que foi o movimento homossexual há décadas, e que rompa com o isolamento dos demais movimentos sociais, buscando o diálogo e a unidade com as entidades e movimentos do conjunto dos explorados e oprimidos do país.

A Conlutas, por sua própria natureza, é hoje a única entidade que pode agregar os mais diversos setores na luta contra as mazelas da atual sociedade, a exploração, o preconceito e a discriminação dos quais tanto se beneficiam as classes dominantes.

Temos plena consciência de que as ideologias racistas, machistas e, particularmente, homofóbicas estão disseminadas no conjunto do proletariado. Contudo, queremos dar a batalha para combater tais ideologias, que nos dividem e enfraquecem, e criar uma nova cultura no movimento de massas brasileiro, aproximando os GLBTs dos demais trabalhadores, empunhando as bandeiras de nossa classe e levando nossas bandeiras específicas para o restante de nossos companheiros e companheiras.

Queremos trazer para a Conlutas e seus Grupos de Trabalho de GLBTs todos aqueles que sofrem com a homofobia no seu cotidiano, que não têm acesso a esta “cidadania de consumo”, que exclui os GLBTs da classe trabalhadora. Entendemos que o combate à opressão é, antes de mais nada, uma luta travada no terreno das classes.

Temos orgulho de afirmar que somos Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transgêneros, que somos trabalhadores, que somos conscientes de nosso papel transformador junto à nossa classe, e que, por isso, somos os portadores do futuro.

Estamos espalhados pelo país inteiro, e demos um passo decisivo em nossa organização a partir da estruturação do GT nacional e dos GTs estaduais. Com isso, pretendemos disputar a consciência dos demais GLBTs trabalhadores que hoje estão sob a influência dos setores atrelados ao governo e à indústria da opressão, e construir um verdadeiro campo classista, independente e combativo no movimento homossexual brasileiro.