Um dos destaques do primeiro dia de atividades do 2º Fórum Social Mundial foi a realização, na tarde do dia 1º, da Plenária do Movimento Sindical e Popular convocada pela CUT. Realizada ao lado do ginásio Gigantinho, a reunião contou com a presença de mais de 500 pessoas entre ativistas e dirigentes sindicais.

Na verdade, a atividade teve o caráter de um ato e não de uma plenária com a palavra aberta a qualquer ativista do movimento.
Mas apesar dessa limitação, o fato principal e positivo da plenária é que de forma unânime foi referendada a proposta da Executiva Nacional da CUT, de realizar um dia de greve geral em 21 de março contra a alteração no artigo 618 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), ou seja, contra a mudança que abre as portas para direitos históricos dos trabalhadores serem arrancados (13º, férias, licença maternidade entre outros).

O projeto já foi aprovado na Câmara dos Deputados e está na pauta do Senado para o mês de março.

Dezenas de entidades nacionais dos trabalhadores brasileiros fizeram uso da palavra com destaque para as entidades dos servidores públicos federais que estiveram a frente da forte greve de 2001 (Andes, Fasubra, CNTSS), sindicatos e confederações de trabalhadores das estatais e do setor público (as Federações dos Petroleiros e dos Correios e a Confederação dos Trabalhadores da Educação, por exemplo), do setor privado (Metalúrgicos e Bancários entre outros). Também aderiram à plenária as centrais sindicais CGT e CAT (Central Autônoma dos Trabalhadores), a Contag (filiada a CUT) e a Central de Movimentos Populares.

O ato foi encerrado com o discurso dos partidos políticos presentes: PT, PCdoB, PSTU e PCB. Ao final da plenária foi aprovada simbolicamente a realização da greve geral com um compromisso de todos os presentes de se empenharem na realização da greve em todo o país.

Pelo que se viu no ato-plenária, esse compromisso parece ser unânime. O presidente da CUT Nacional João Felício, em seu discurso de abertura da plenária disse que “temos condições de sairmos vitoriosos e de fazer com que o dia 21 de março seja o maior levante da classe trabalhadora contra o governo FHC.”

O problema é que a plenária ficou muito a desejar em relação a discutir a preparação concreta da greve. Trata-se, entâo, de canalizar todo o compromisso assumido em Porto Alegre em organização e preparação prática desta paralisação.

Fala ZéMaria: “Greve geral é parte da luta contra imperialismo”

Ao demarcar o momento da contra-ofensiva neoliberal imperialista norte-americana, Zé Maria enfatizou que a organização da greve geral de 21 de março é parte da luta dos trabalhadores, que entram em uma guerra para defender seus direitos e derrubar o projeto neoliberal. “É pra guerra que nós temos que nos preparar. Na Argentina já derrubaram três governos e o imperialismo segue dizendo que tem que continuar pagando a dívida, tem que garantir ajuste fiscal, tem que garantir os lucros das multinacionais”. Por este motivo argumenta que não é campanha sobre os senadores que fará com que os trabalhadores consigam garantir seus direitos.

Zé Maria citou o exemplo de luta do povo argentino que não aceita mais os governos neoliberais de seu país e defende nas ruas o não pagamento da dívida externa. “No Brasil”, faz a relação com a CLT, “a nossa luta neste momento passa pela construção da greve geral para impedir as mudanças na CLT”.

Segundo o dirigente para barrar a mudança na CLT é preciso fazer a maior greve geral já realizada pelos trabalhadores brasileiros. Por este motivo, Zé Maria pediu o compromisso de todos os sindicalistas presentes, através de suas entidades, de preparar esta greve. O chamado foi estendido a partidos políticos de esquerda e entidades populares.

Como parte da luta dos trabalhadores latino-americanos, fez o chamado a todos levantarem a bandeira contra a implantação da ALCA (Área de Livre Comércio da América Latina) para barrar a tentativa de recolonização por parte do imperialismo norte-americano.

Ao final, Zé Maria defendeu como prioridade dos partidos de esquerda derrotar o neoliberalismo e o governo FHC nas ruas e nas lutas, reafirmando que o PSTU defende uma candidatura operária com um programa anti-capitalista que rompa com o pagamento da dívida externa.