Diante da traição da direção majoritária da Fentect, trabalhadores dos Correios se organizam e convocam congresso para 2010A traição da direção da Fentect (Federação dos Trabalhadores dos Correios) na campanha salarial deste ano, impondo o acordo bianual para impedir a luta no ano que vem, provocou uma grande revolta na base da categoria. Diante disso, a oposição realizou uma plenária nacional nos dias 24 e 25 de outubro, que aprovou a realização de um congresso no início de 2010.

Assim como ocorrem em petroleiros, os trabalhadores dos Correios podem avançar para um processo de reorganização na categoria, com a construção de uma alternativa de luta. O Opinião conversou com Geraldo Rodrigues, o Geraldinho, da oposição da Fentect, e Halisson Tenório, diretor do sindicato de Pernambuco.

Opinião Socialista – O que motivou a realização da Plenária?

Geraldinho – Foi a traição por parte da direção majoritária da federação, composta pela Articulação (PT) e pela CTB (PCdoB), que assinou um acordo bianual com a empresa Na prática, impede uma campanha salarial no ano que vem. Mas 19 sindicatos não aceitaram esse acordo e, a partir daí, abriu-se um espaço para a convocação de uma plenária nacional para decidir o que fazer.

E como foi a plenária?

Geraldinho – Ela teve 90 delegados e 17 observadores e alguns convidados, totalizando cerca de 130 pessoas de todo o país, representando 17 sindicatos e 8 oposições. Sob o aspecto das forças políticas, estiveram a ASS, MRL, PCO, Conlutas e independentes. Praticamente todas as correntes que compõem a atual oposição à direção da Fentect.

O que foi aprovado?

Geraldinho – A principal deliberação é que no ano que vem vamos fazer campanha salarial. Não vamos aceitar essa imposição da minoria. Vamos também chamar um congresso em 2010. Aprovamos também medidas contra o acordo bianual e, inclusive, medidas jurídicas contra a direção da empresa, que interveio no movimento sindical e contra a direção da federação, que desrespeitou a deliberação da categoria.

Como a empresa interveio nos sindicatos?

Geraldinho – Já havia sindicatos que tinham rejeitado o acordo bianual. Eles convocaram assembleias, junto com o diretor regional e o presidente do sindicato, mudando o resultado de assembleias anteriores. Isso provocou uma revolta muito grande, pois o trabalhador sabe da importância da campanha salarial anual para pressionar a empresa.

Como foi o final da greve em Pernambuco?

Halisson – Acabou sem nenhum horizonte para o trabalhador. Ele não sabia nem o índice do reajuste, nem como ia ficar os seus dias parados. Foi assim também com vários sindicatos. Houve então uma intensa movimentação, principalmente dos ativistas do PSTU e da Conlutas, no sentido de agrupar esses sindicatos. Começamos então a criar uma comissão, que veio se consolidar na plenária. Muitos sindicatos que estão participando dessa comissão estão realmente sendo empurrados por suas bases. Diante dessa nova realidade, deliberamos construir um congresso no próximo semestre.

A campanha salarial e a traição da Fentect colocaram a necessidade da construção de uma alternativa?

Halisson – Sim, o que hoje se desenha é a possibilidade concreta de uma alternativa. Se ela vai ser dentro ou fora da federação, só o que vai dizer é o rumo das lutas que vamos tomar daqui pra frente.

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